A vitamina D é uma vitamina lipossolúvel, solúvel em lipídios, que pode ser obtida através de três tipos de fontes: exposição solar, alimentação e suplementação. Existem duas formas disponíveis dessa vitamina: a vitamina D2 ou ergocalciferol, encontrada em alguns componentes da dieta e a vitamina D3 ou colecalciferol, sintetizada na pele a partir da irradiação ultravioleta (UVB).
Para desempenhar suas funções, a vitamina D precisa ser convertida no organismo em calcitriol, forma biologicamente ativa da vitamina D. A conversão é realizada através de reações que ocorrem nos rins e no fígado, assim, alterações que afetem esses órgãos podem provocar deficiência da vitamina. A vitamina D é conhecida especialmente pela sua ação fundamental na homeostase do cálcio, mas também possui papel essencial em outros processos importantes em nosso organismo, tais como:
Saúde óssea– Em sinergia com outros nutrientes e compostos, a vitamina D participa da formação e manutenção óssea. Além disso, controla o equilíbrio de cálcio e fósforo no sangue, promovendo (i) a absorção desses minerais no intestino delgado; (ii) a reabsorção dos mesmos pelos rins; e, (iii) a migração desses minerais entre os ossos e o sangue. Em idosos, a deficiência de vitamina D pode ser responsável pela menor absorção de cálcio, influenciando o desenvolvimento de osteoporose.
Doenças cardiovasculares– Alguns estudos sugerem que maiores concentrações de vitamina D estão inversamente associadas a hipertensão arterial e aterosclerose. De fato, indivíduos com deficiência dessa vitamina tendem a apresentar maiores níveis de pressão sanguínea e maior risco para doença cardiovascular.
Diabetes mellitus– A deficiência de vitamina D está associada ao maior risco de desenvolvimento de diabetes mellitus do tipo 1 e 2. A liberação da insulina é mediada pelo cálcio nas células bdo pâncreas e, como a vitamina D participa ativamente da regulação dos níveis desse mineral no sangue, sua deficiência pode afetar a liberação normal de insulina. Essa vitamina também é capaz de reduzir o processo autoimune que ataca as células bpancreáticas, podendo também influenciar a secreção e a sensibilidade à insulina, conforme demonstrado por alguns estudos.
Sistema neuromuscular– Evidências demonstram que a vitamina D participa ativamente das funções de força muscular e equilíbrio, exercendo ações que influenciam a síntese proteica e a cinética da contração muscular. Além disso, a deficiência dessa vitamina pode ocasionar fraqueza e dor muscular em crianças e adultos, de forma que a suplementação está associada ao menor risco de quedas em idosos.
Sistema imune– A vitamina D quando em sua forma ativa, é moduladora do sistema imune, aumentando a imunidade inata e regulando a imunidade adquirida. A deficiência dessa vitamina está relacionada com maior prevalência de doenças autoimunes, como diabetes, doença inflamatória intestinal e lúpus. Além disso, alguns estudos sugerem que a suplementação também pode ser utilizada no tratamento dessas patologias.
A deficiência de vitamina D é um problema de saúde pública mundial que afeta a qualidade de vida da população. As fontes alimentares são escassas, sendo a principal fonte provinda da exposição à luz solar. Porém, em decorrência das mudanças no estilo de vida que nos fazem ficar menos tempo expostos ao sol, a deficiência de vitamina D tem aumentado na população. Seu papel fundamental no nosso organismo é indiscutível e cada vez mais a carência desta vitamina vem sendo relacionada a diversas doenças. Dessa forma, é importante atentar-se em manter os níveis adequados desta substância, escolhendo a melhor forma de obtê-la, seja pela suplementação, alimentação ou simplesmente por um banho de sol de alguns minutos.
Referências
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