A suplementação tem sido grande aliada para o alcance de uma melhor performance física e um bom desempenho nas competições de atletas das mais diversas modalidades. É comum entre atletas de alto rendimento o consumo de produtos como bebidas isotônicas, géis de carboidrato, suplementos proteicos, substâncias ergogênicas e também suplementos de vitaminas e minerais.
A deficiência nutricional, decorrente da ingestão inadequada de nutrientes através da alimentação, pode comprometer a performance física. Nesse sentido, atletas que possuem dietas desequilibradas, que apresentam alguma condição clínica específica ou que consomem quantidades restritas de alimentos para controle de peso estão propensos a carência de nutrientes. Dessa forma, a suplementação adequada pode ser aliada para garantir o máximo de performance, manter o atleta saudável e, ainda, ajudar na prevenção e recuperação de lesões.
Sabe-se que uma das consequências do exercício físico intenso é o aumento do estresse oxidativo, o que resulta em maior produção de radicais livres e aumento do uso de antioxidantes pelo organismo. Na prática da atividade física, os radicais livres participam do processo de adaptação do organismo ao exercício e ganho de força muscular. No entanto, o excesso desses componentes pode interferir na performance, aumentando a chance de lesões e fadiga crônica. Neste cenário, a suplementação de micronutrientes com ação antioxidante pode atenuar as consequências do estresse oxidativo e suprir a demanda aumentada pelo maior uso de antioxidantes pelo organismo.
Magnésio – Estudos demonstram uma relação íntima entre a deficiência de magnésio e seus efeitos no aumento da peroxidação lipídica (reação de oxidação dos ácidos graxos das membranas celulares) e na diminuição da atividade antioxidante. Além disso, a carência desse micronutriente também pode ser um fator determinante em quadros de câimbras musculares.
O magnésio também vem sendo estudado como um mineral capaz de aperfeiçoar o metabolismo muscular e desempenho durante o exercício. De fato, um estudo mostrou que quando mulheres atletas foram suplementadas com 360 mg de magnésio/dia durante três semanas, essas apresentaram uma menor concentração sérica de lactato, além de melhora na função cardiorrespiratória.
Vitamina C – Outro estudo realizado com nadadores de elite verificou os efeitos da suplementação de vitamina C (ácido ascórbico) na performance dos atletas. Os autores observaram que quando submetidos a um exercício agudo, os nadadores apresentaram menor peroxidação lipídica pós-atividade, assim como uma maior atividade antioxidante. Associada com a ingestão de colágeno, a vitamina C também está relacionada a melhor produção de colágeno, espessamento de cartilagem e redução de dores nas articulações.
Zinco – A influência do zinco na atividade física também tem sido demonstrada. Evidências apontam que a suplementação de zinco pode ser benéfica na melhoria do desempenho de atividades que requerem o recrutamento de fibras musculares de contração rápida.
Ferro – Os processos inflamatórios decorrentes da atividade física intensa aumentam a produção da hepcidina, hormônio relacionado ao aumento da excreção de ferro e redução de sua absorção. Dessa forma, a deficiência de ferro (com ou sem anemia) pode prejudicar a função muscular e limitar a capacidade aeróbica e de adaptação do organismo ao exercício físico.
Vitamina D – A vitamina D, além de regular o metabolismo de cálcio e fósforo, também pode participar do ganho de massa muscular, modulação de resposta inflamatória e performance esportiva. A deficiência dessa vitamina pode ser muito comum, mesmo em pessoas que moram em regiões de fácil exposição à luz solar, principal fonte de vitamina D. Baixos níveis desta vitamina estão associados a maior propensão a lesões musculoesqueléticas e fraturas por estresse, dessa forma a suplementação deve ser levada em consideração.
Cromo – O cromo também é um mineral aparentemente relacionado a performance física. Apesar de poucos estudos sobre seus efeitos, artigos sugerem que o mineral favorece vias anabólicas do organismo, através do aumento da sensibilidade à insulina, estimulando a captação de aminoácidos pelo músculo e consequentemente, a síntese proteica.
Cada modalidade esportiva pode gerar demandas maiores para nutrientes diferentes. Dessa forma, é essencial que haja o acompanhamento de um profissional da saúde, com uma prescrição personalizada e devida avaliação da necessidade do uso de suplementos. A nutrição é uma grande aliada na busca de um melhor desempenho desde que seja exercida da maneira correta.
Referências
Oliveira CC, Ferreira D, Caetano C, Granja D, Ponto R, Mendes B et al. Nutrition and Supplementation in Soccer. Sports Basel. 2017; 5,28.
Maughan, RJ, Burke LM, Dvorak J, Meyer DEL, Peeling P, Phillips SM et al. IOC consensus statement: dietary supplements and the high-performance athlete. Br J Sports Med. 2018; 52: 439–455.
Falcão LEM. Suplementação de Cromo Associado ao Exercício Físico. RBNE. 2016; 10: 343-349.
Garthe I, Maughan RJ. Athletes and Supplements: Prevalence and Perspectives. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2018;28(2):126-38.
Gomes MR, Tirapegui J. Relação de alguns suplementos nutricionais e o desempenho físico. ALAN.
Picchi, MG, Deminice R, Ovídio PP, Jordão AA. Efeitos do ácido ascórbico nos biomarcadores de estresse oxidativo em nadadores de elite. Rev Bras Med Esporte. 2013; 19, 6.
Amorim AG, Tirapegui J. Aspectos atuais da relação entre exercício físico, estresse oxidativo e magnésio. Revista de Nutrição. 2008; 21, 5.
Lukaski, HC. Magnesium, zinc, and chromium nutriture and physical activity. The American Journal of Clinical Nutrition. 2000; 72: 585-593.
Pedroso CO, Vicenzi K, Zanette CA. Efeitos do estresse oxidativo e o uso de suplementação entre atletas. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. 2015; 9(53):480-90.