Os micronutrientes desempenham importantes funções metabólicas, permitindo com que o corpo produza enzimas, hormônios e outras substâncias essenciais para o crescimento e desenvolvimento adequados, além de exercerem um componente estrutural e antioxidante. Eles recebem esse nome, pois são necessários em teores muito baixos (miligramas ou microgramas), contudo, por mais que as quantidades necessárias de consumo não sejam altas, sua carência pode trazer diferentes prejuízos à saúde. A seriedade, assim como o seu desfecho, é diferente dependendo do estágio de vida do indivíduo (criança, adulto, gestante, idoso) e do tipo de micronutriente, podendo acarretar anemia, osteoporose, atraso no crescimento ou maturação sexual entre outros. A prevalência de inadequação de micronutrientes, entre os brasileiros, é considerada alta. Por exemplo, menos de 10% das mulheres adultas, conseguem atingir as recomendações diárias de cálcio, e mais de dois terços da população, as recomendações diárias de zinco. Dentro do grupo dos micronutrientes estão as vitaminas e os minerais, que podem ser encontrados nos vegetais e em grande parte nas frutas.
De acordo com o Ministério da Saúde (2018), apenas um terço da população brasileira consome regularmente frutas e verduras, sendo que somente 23,1%, desse um terço, na quantidade recomendada pela com a Organização Mundial da Saúde, o que representa um número muito baixo de pessoas. Deve-se destacar que a simples presença do nutriente, no alimento ou dieta, não garante a sua utilização pelo organismo. Esse uso depende de sua forma química, da quantidade ingerida e da presença de outros nutrientes nos alimentos ingeridos ao mesmo tempo, ou seja, sua biodisponibilidade. Não há uma definição universalmente aceita sobre biodisponibilidade, porém a mais utilizada “a quantidade de um nutriente que está disponível para a sua absorção na forma em que ele é fisiologicamente aproveitável”. Um exemplo clássico, de como as diferentes formas de um mineral podem gerar biodisponibilidade variável, é o ferro.
O ferro heme (presente em carnes) é melhor absorvido que o ferro não heme (presente nos vegetais), cuja eficiência pode chegar a 25% comparada a 5% da absorção do ferro não heme. Nesse contexto destacam-se os minerais quelatos, a palavra quelato; vem do grego chele que significa garra ou pinça um termo adequado para descrever a forma pela qual, os minerais são ligados a compostos orgânicos ou sintéticos, normalmente a aminoácidos, por meio de ligações químicas do tipo covalente. Essa união, do mineral com essa outra estrutura, dará suas propriedades diferenciadas.
Contudo, a formação de um mineral quelato não assegura completamente sua absorção e metabolismo, deve-se garantir que ele seja nutricionalmente funcional, ou seja, algumas condicionais químicas devem ser cumpridas: molécula até um determinado peso, para que ela seja capaz de cruzar a barreira intestinal intacta; seja uma molécula neutra, para não ser repelido ou incorporado às membranas celulares; molécula estável para não interagir com outras antes de serem absorvidas; e que seu ligante seja facilmente metabolizado. Dessa forma, os minerais quelatos de qualidade e nutricionalmente funcionais, possuem características que os tornam superiores: uma maior biodisponibilidade, geram menos desconforto gástrico, não interagem com outros nutrientes alimentares consumidos junto com eles (no trato digestório) e possuem alto grau de segurança.
Diferentes estudos têm demonstrado essa superioridade dos quelatos em relação às suas versões inorgânicas. Heaney e colaboradores compararam a absorção de diferentes fontes de cálcio em mulheres adultas, após a noite de jejum e permanecendo em jejum por 4-5 horas. Foi ministrado uma quantidade de 300-400mg do mineral e verificado uma absorção de 44% no quelato em comparação a 24,2% no citrato de cálcio, 23,5% no carbonato de cálcio e 16,6% na hidroxiapatita.
Já Coplin e Schuette mostraram que, um número significativo de mulheres preferiu a suplementação com ferro quelato em comparação ao sulfato ferroso, provavelmente porque sofreram com menos efeitos colaterais da suplementação, como náusea, inchaço e constipação. Nesse contexto, os minerais quelatos são uma forma eficaz e segura de suplementação, que já demonstrou superioridade em relação as formas minerais tradicionais por suas características químicas específicas.
Referências Bibliográficas
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doençasnão Transmissíveis. Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2018 / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
Coplin M, Schuette S, Leichtmann G , Lashner B . Tolerability of iron: a comparison of bis-glycino iron II and ferrous sulfate. Clin Ther. 1991 Sep-Oct;13(5):606-12.