Celebrado em 29 de setembro, o Dia Mundial do Coração visa alertar e conscientizar a população sobre a importância de manter uma boa saúde cardiovascular, uma vez que as doenças cardiovasculares (DCV) estão entre as principais causas de morte no mundo (cerca de 18 milhões de pessoas por ano) [1].
Devido à pandemia da COVID-19, as pessoas, mais do que nunca, estão se conscientizando sobre a importância da própria saúde e da saúde dos entes queridos, em especial da saúde cardiovascular, visto que as 520 milhões de pessoas com DCVs correm risco maior de desenvolverem formas graves da COVID-19 [1].
Por conta do distanciamento social imposto pela contenção da pandemia, este ano, o Dia Mundial do Coração tem como tema “Use o coração para se conectar”, conforme estabelecido pela Federação Mundial do Coração. A campanha propõe nos conectarmos com nossos próprios corações e termos a certeza de que estamos cuidando dele da melhor forma possível, usando ainda as ferramentas digitais para garantir que esse cuidado se expanda a entes queridos, e as comunidades das quais fazem parte. Garantindo, dessa forma, que todos tenham acesso à informação e meios de se obter uma melhor saúde cardiovascular [1].
Uma dessas formas de cuidar do coração é por meio da suplementação nutricional que, aliada a uma dieta saudável e prática regular de atividade física, são responsáveis por prover um efeito cardioprotetor, incluindo o coração e os vasos sanguíneos. Dentre os nutrientes benéficos, está a vitamina K2, a qual apresenta resultados promissores corroborados por diversos estudos clínicos de qualidade.
A vitamina K2 (menaquinonas) é um membro da família da vitamina K, ainda pouco conhecida pela população. Ela pode ser encontrada em queijos fermentados, mas apresenta como principal fonte o alimento tradicional japonês natto, produzido a partir da soja fermentada, raramente consumido no ocidente [2].
Dado o baixo consumo desse nutriente, a deficiência de vitamina K2 pode apresentar alta prevalência na população e tem sido associada ao “paradoxo do cálcio”. Esse paradoxo consiste na falta de cálcio nos ossos devido ao seu armazenamento incorreto na parede vascular, o que pode levar à calcificação das artérias coronárias [3]. O acúmulo de cálcio nos vasos sanguíneos é um importante fator de risco para o desenvolvimento de DCV, uma vez que sua incidência está relacionada ao aumento de eventos cardiovasculares e índices de mortalidade [4].
Um estudo conduzido em 2004 descobriu que o consumo significativo de vitamina K2, mas não de K1, tem forte efeito protetor na saúde cardiovascular. A relação foi evidenciada pela diminuição de 50% do risco de calcificação arterial e de mortalidade por doença coronária cardíaca em um grupo de 4.807 indivíduos, que consumiam altas quantidades de vitamina K2 [5]. Corroborando estes resultados, Gast et al. (2009) mostraram que para cada 10 mcg de vitamina K2 consumida houve uma redução de 9% no risco de doença coronária cardíaca [6].
A vitamina K2 além de possuir ação preventiva, também demonstra potencial na reversão da calcificação arterial já instalada.[7, 8]. Um estudo clínico randomizado duplo-cegomostrou que a suplementação diária com 180 mcg de vitamina K2 (MenaQ7® – MK-7), durante três anos, resultou em benefícios substanciais na inibição do enrijecimento arterial decorrente da idade, bem como melhorou significativamente a elasticidade vascular de mulheres pós-menopausa (55 – 65 anos) [9].
Diante desses resultados, a vitamina K2 apresenta-se como uma aliada importante na prevenção das doenças cardiovasculares, converse com o seu médico e informe-se sobre os benefícios dessa vitamina. Por fim, é sempre bom lembrar que a prevenção é o melhor remédio, de forma que a adoção de hábitos saudáveis, como a alimentação saudável e a prática regular de atividade física, associada ao abandono de hábitos ruins, como o sedentarismo, o tabagismo, o alcoolismo e o consumo de uma alimentação com alto teor de gordura, tende a reduzir em 80% as mortes causadas por DCVs [10]. Se cuide!
Produzido por: Pietra Sacramento Prado, BSc e Renata Cavalcanti, PhD
Referências
1. World Heart Federation (WHF). 2021; https://world-heart-federation.org/world-heart-day/about-whd/world-heart-day-2021/. Accessed 21/09/2021. 2. Shearer M.J., Newman P. Thromb Haemost. 2008;100(4):530-547. 3. Doherty T.M., Asotra K., Fitzpatrick L.A., Qiao J.H., et al. Proc Natl Acad Sci U S A. 2003;100(20):11201-11206. 4. Flore R., Ponziani F.R., Di Rienzo T.A., Zocco M.A., et al. Eur Rev Med Pharmacol Sci. 2013;17(18):2433-2440. 5. Geleijnse J.M., Vermeer C., Grobbee D.E., Schurgers L.J., et al. J Nutr. 2004;134(11):3100-3105. 6. Gast G.C., de Roos N.M., Sluijs I., Bots M.L., et al. Nutr Metab Cardiovasc Dis. 2009;19(7):504-510. 7. Schurgers L.J., Cranenburg E.C., Vermeer C. Thromb Haemost. 2008;100(4):593-603. 8. Price P.A., Urist M.R., Otawara Y. Biochem Biophys Res Commun. 1983;117(3):765-771. 9. Knapen M.H., Braam L.A., Drummen N.E., Bekers O., et al. Thromb Haemost. 2015;113(5):1135-1144. 10. Ministério da Saúde Brasil. https://bvsms.saude.gov.br/use-o-coracao-para-vencer-as-doencas-cardiovasculares-29-9-dia-mundial-do-coracao/. Accessed 21/09/2021.