O diabetes mellitus tipo II (DMII) é uma das doenças mais prevalentes na população adulta e uma das principais causas crônicas de perda de saúde, especialmente com o aumento da expectativa de vida no âmbito global [1]. Segundo dados da 9ª edição do Atlas da Federação Internacional de Diabetes (IDF), publicada em 2020, mais de 500 milhões de pessoas no mundo são diabéticas e o DMII aparece como responsável por quase 90% desses casos [2].
Devido à crescente prevalência do diabetes mellitus, o dia 14 de novembro foi instituído, pela IDF e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como Dia Mundial do Diabetes, com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre as principais características da doença e as possibilidades de prevenção do DMII. Diferentemente do que ocorre com o tipo I da doença, no qual o indivíduo já nasce com alterações no metabolismo da insulina, no DMII, a resistência à ação desse hormônio é causada principalmente por maus hábitos alimentares e pelo sedentarismo.
Esses mesmos hábitos de vida, caracterizados por um alto consumo calórico e ausência de atividade física, também são fatores de risco para o desenvolvimento de outras comorbidades crônicas, responsáveis por altos índices de mortalidade e morbidade, como a hipertensão e doenças cardiovasculares [3-5]. Os pontos mais relevantes desse cenário são os níveis de triglicerídeos e colesterol, a inflamação, o estresse oxidativo e a hipercoagulação, que atuam em cascata, onde um torna-se causa/consequência do outro, agravando os sintomas.
A qualidade de vida para pacientes com essas comorbidades envolve não apenas o acesso a tratamentos farmacológicos, mas também alternativas que possam fazer parte da rotina, como a suplementação nutricional. Estudos sugerem que a deficiência do mineral magnésio no DMII, além de comum, é possivelmente relacionada com o aumento de episódios de trombose, aumentando o risco de doenças cardiovasculares nessa população [6-8]. Em paralelo, pesquisas também mostram que a colina tem papel anti-inflamatório e antioxidante, além de regular a secreção da insulina pelas células β-pancreáticas [9-11].
Recentemente, uma pesquisa demonstrou que a colina e o magnésio desempenham um potencial papel sinérgico para promoção de saúde em pacientes com DMII. Em um estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, 96 pacientes foram divididos em quatro grupos de suplementação: (i) placebo; (ii) 500 mg de magnésio; (iii) 1000 mg de colina; e (iv) colina-magnésio. Após dois meses, os pacientes que receberam a colina associada ao magnésio apresentavam significativamente menores níveis de triglicerídeos, maiores níveis de colesterol HDL, comumente conhecido como “bom colesterol”, e melhora nos marcadores de coagulação [12].
Anteriormente, o mesmo grupo de pesquisadores havia demonstrado que essa co-suplementação de colina e magnésio em pacientes com DMII era mais eficiente em reduzir a inflamação do que a suplementação dos nutrientes isolados [13]. Em conjunto, os resultados sugerem que a suplementação combinada do magnésio com a colina tem um enorme potencial para promover qualidade de vida para esses pacientes, atuando de forma sinérgica e como adjuvantes do tratamento clássico de DMII, juntamente com a adoção de melhores hábitos de vida.
Produzido por: Renata Cavalcanti, PhD e Pietra Sacramento Prado, BSc.
Referências
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