No mês de abril, organizações de saúde promovem a Campanha Abril Azul, que visa difundir informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e cercear discriminações e preconceitos.
O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por comprometimento nas habilidades sociais, interesses restritos e comportamentos repetitivos, bem como na fala e na comunicação não-verbal1, 2.
A incidência de TEA é mundial, dados epidemiológicos recentes estimam que seja superior a 1/100 indivíduos e sua prevalência tem aumentado frequentemente nas últimas décadas. Embora os mecanismos subjacentes à etiologia e às manifestações do TEA não sejam bem compreendidos, fatores genéticos e ambientais parecem contribuir para a expressão da doença. Evidências recentes sugerem que até 40% a 50% da variabilidade dos sintomas do TEA pode ser determinada por fatores ambientais1, 2.
Além dos sintomas centrais, crianças com TEA são, significativamente, mais propensas (51% a 89%) a apresentarem seletividade alimentar, comportamentos problemáticos na hora das refeições e consequente ingestão alimentar inadequada, quando comparadas a demais crianças2, 3.
Há evidências de que crianças com TEA consomem menos frutas, vegetais e laticínios, têm ingestão inadequada de proteína, vitamina D, vitamina B12, vitamina C, cálcio, zinco e preferem alimentos com alto teor calórico, principalmente, doces, apresentando maior rejeição à sabores amargos ou azedos, em comparação com seus pares com desenvolvimento típico. Tais preferências contribuem para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, inclusive sobrepeso, obesidade ou diabetes2, 3.
Além disso, é importante ressaltar que os primeiros anos de vida são um período crítico para o desenvolvimento de preferências e hábitos alimentares e que maus hábitos alimentares estabelecidos na primeira infância podem persistir na idade adulta aumentando o risco de desenvolver obesidade e outras doenças crônicas2, 3.
Assim, pelo fato de complicações comportamentais na hora das refeições e alimentação inadequada começarem cedo em crianças com TEA, a intervenção precoce é fundamental para evitar mais agravamentos e melhorar os comportamentos alimentares3. Para tal, recomenda-se uma intervenção nutricional com acompanhamento contínuo realizada por um nutricionista em conjunto com um pediatra somado a terapias comportamentais e de fala efetuado por um psicólogo, a fim de melhorar o funcionamento social e comunicativo, além de prevenir agravos à saúde1, 2.
Referências
- Karhu E, Zukerman R, Eshraghi RS, Mittal J, Deth RC, Castejon AM, et al. Nutr Rev. 2020;78(7):515-31.
- Narzisi A, Masi G, Grossi E. Nutrients. 2021;13(6).
- Gray HL, Pang T, Agazzi H, Shaffer-Hudkins E, Kim E, Miltenberger RG, et al. Contemp Clin Trials. 2022;119:106814.