Mulheres, vocês sabiam que suas vidas podem ser divididas em quatro fases? Tais como: os primeiros 1000 dias, a adolescência, a gestação e a pós-menopausa. Em cada fase, vocês devem se atentar a nutrientes específicos, que podem ser obtidos tanto através da alimentação como da suplementação.

 

Na fase dos primeiros 1000 dias, período que compreende a gestação e os primeiros dois anos de vida, existem deficiências, principalmente, de vitamina A, de vitamina D e de ácido fólico, além dos minerais ferro, zinco e iodo. Além disso, a baixa oferta de micronutrientes essenciais é considerada a causa da baixa estatura e do comprometimento do desenvolvimento cognitivo1.

 

Na adolescência, caracterizada pelo crescimento acelerado com alta demanda de energia e nutrientes, o ferro, o zinco e o cálcio são muito importantes nesta etapa, visto que o status nutricional, neste período, pode impactar o momento do início da puberdade, o depósito de gordura corporal, o crescimento, o desenvolvimento do sistema imune e neuronal1.

 

Durante a gestação, momento de alta demanda nutricional, é muito comum a deficiência de nutrientes fundamentais, como o ferro, a colina, o cálcio, o iodo, o magnésio, o fósforo e o selênio e, a carência desses nutrientes pode aumentar o risco de condições transitórias, como diabetes gestacional, e de desfechos adversos, como baixo peso do neonato, parto prematuro e anomalias congênitas, bem como atraso no desenvolvimento da criança1.

 

Já na pós-menopausa, as mudanças hormonais presentes nesta fase induzem alterações na composição corporal, favorecendo o acúmulo de gordura e a diminuição de massa muscular aumentando o risco de diabetes, doenças cardiovasculares e osteoporose. Neste sentido, é importante atentar-se ao cálcio, a vitamina D, aos isoflavonóides e ao consumo de proteínas. Além disso, esta é uma fase na qual deve-se ter um maior cuidado visando garantir um processo de envelhecimento saudável1.

 

Essas fases foram criadas a partir de distinções fisiológicas, neurológicas, hormonais, comportamentais e ambientais, as quais diferem dos homens, e que podem impactar negativamente na saúde da mulher1,2,3. E, apesar das mulheres apresentarem uma expectativa de vida entre seis e oito anos maior que a dos homens3, elas adoecem mais4 e buscam os serviços de saúde com maior frequência5,6.

 

As mulheres manifestam, mais frequentemente, doenças agudas e transitórias, como infecções das vias respiratórias superiores, e doenças crônicas não fatais, como artrite, enxaqueca e problemas digestivos7, mas também é observada alta prevalência de doenças como o câncer de mama e do colo do útero, a osteoporose, a doença de Alzheimer e a esclerose múltipla8.

 

A mudança do estilo de vida, associada a medidas de prevenção e diagnóstico precoce, pode trazer benefícios para a saúde das mulheres8, e a nutrição é um dos fatores modificáveis que tem grande impacto nessa população. Entretanto, a prevalência de inadequação da ingestão de vitaminas e minerais, como cálcio, magnésio e das vitaminas A, B6, D e E9, na população feminina brasileira é elevada (acima de 60%). Nas gestantes, a inadequação da ingestão de folato, em populações de baixa renda10, e da colina11 também são preocupantes.

 

Assim, é de extrema importância conscientizar-se a respeito de suas necessidades nutricionais durante os períodos da vida a fim de não apenas evitar a deficiência nutricional evidente, mas também promover a saúde e minimizar o risco de doenças crônicas. 

 

Referências:

  1. Feskens, E.J.M., et al. Eur J Nutr, 2022. 61(Suppl 1): p. 1-23
  2. Leäo, E.M. and Marinho, L.F.B. Promoção da Saúde, 2002. 6: p. 31-6.
  3. ONU, O futuro que as mulheres querem – uma visão do desenvolvimento sustentável para todos, Mulheres, O., Editor. 2012, ONU: New York. p. 42p.
  4. Brasil, Política nacional de atenção integral à saúde da mulher: princípios e diretrizes, Secretaria de Atenção à Saúde, D.d.A.P.E., Editor. 2004, Ministério da Saúde: Brasília. p. 82p.
  5. Brasil, Informações sobre domicílios, acesso e utilização dos serviços de saúde, in Pesquisa Nacional de Saúde 2019. 2020, IBGE: Rio de Janeiro. p. 85p.
  6. Ortiz-Ospina, E. and Beltekian, D. Why do women live longer than men? 2018 [cited 2023; Available from: https://ourworldindata.org/why-do-women-live-longer-than-men.
  7. Pinheiro, R.S., et al., Gênero, morbidade, acesso e utilização de serviços de saúde no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 2002. 7.
  8. São Paulo, S. As doenças que mais afetam as mulheres no Brasil. 2022 [cited 2023; Available from: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/noticias/?p=334164
  9. Verly Jr, E., et al. Revista de Saúde Pública [online], 2021. 55(1): p. 5s.
  10. Palchetti, C.Z., et al. Eur J Nutr, 2020. 59(6): p. 2793- -2803.
  11. Gomes, C.B. and Carvalhaes, M.A.B. Rev. Nutr., 2021. 34

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