As mudanças climáticas naturais e induzidas pelo homem afetam quase todos os aspectos da sociedade humana, incluindo os sistemas alimentares. A mudança climática pode influenciar a nutrição por vários caminhos, entre eles, temperaturas mais altas, chuvas erráticas e eventos climáticos extremos, que afetam o potencial de rendimento dos cultivos levando ao aumento da insegurança alimentar. Além disso, a concentração atmosférica elevada de gás carbônico (CO2) parece afetar a qualidade nutricional de certos grãos e leguminosas resultando em um aumento do risco de deficiência de zinco, de ferro e de outros nutrientes, na população1.

 

Um estudo publicado na renomada revista Nature, avaliou a resposta dos níveis de nutrientes à quantidade elevada de gás carbônico (CO2) atmosférico no arroz, no trigo, no milho, na soja, na ervilha e no sorgo de diferentes partes do mundo (no Japão, na Austrália e nos Estados Unidos) e concluiu que elevadas concentrações de CO2 estão associadas a reduções significativas nas concentrações de zinco e de ferro nas gramíneas e nas leguminosas. Por exemplo, constataram que grãos de trigo possuem 9,3% menos zinco e 5,1% menos ferro em sua composição. Ainda, concluíram que a elevada concentração de CO2 diminuiu a quantidade de proteínas nas gramíneas, exceto no milho e no sorgo, havendo uma redução de 6,3% nos grãos de trigo e de 7,8% em grãos de arroz, assim como nas leguminosas, com exceção da soja2.

 

Adicionalmente, eles também avaliaram o teor de fitato nesses alimentos. O fitato é uma molécula que armazena o fosfato na maioria das plantas e inibe a absorção de zinco dietético no intestino humano. Dessa forma, concluíram que, com exceção do trigo, não houve uma diminuição na concentração de fitato em elevadas concentrações de CO2, o que pode exacerbar ainda mais os problemas advindos da deficiência de zinco2.

 

Há relatos de que o aumento da concentração de CO2 atmosférico também eleva a concentração de carboidratos nas plantas, isso porque o gás carbônico aumenta a taxa de fotossíntese, que é responsável pela produção de glicose nos vegetais. Somado a isso, esta elevada concentração de CO2 na atmosfera também diminui a quantidade de magnésio e de carotenoides nos alimentos3.

 

Apesar das tentativas de redução de emissão de CO2 na atmosfera, estima-se que o CO2 atmosférico global atingirá 550-960 ppm nos próximos 40 a 60 anos, e durante este período, o valor nutricional das principais culturas para a nutrição humana diminuirão ainda mais em relação às mesmas plantas cultivadas em condições idênticas, mas no ambiente atual. Isso, poderá aumentar o risco de deficiências de minerais como o zinco, o ferro, o magnésio, o fósforo, o cobre e, suas doenças associadas na população, assim como poderá favorecer o surgimento ou agravamento de doenças como diabetes, dislipidemias, hipertensão e doença cardíaca, devido ao aumento da concentração de carboidrato e da diminuição de proteína nas leguminosas2, 3.

 

Embora haja evidências de biofortificação de alimentos, um método desenvolvido para melhorar a qualidade nutricional do alimento4, a suplementação desses nutrientes citados também pode ser uma opção interessante visando a prevenção de suas deficiências no organismo humano.

 

Referências

  1.  Fanzo JC, Downs SM. Nat Rev Dis Primers. 2021;7(1):90.
  2. Myers SS, Zanobetti A, Kloog I, Huybers P, Leakey AD, Bloom AJ, et al. Nature. 2014;510(7503):139-42.
  3. Loladze I, Nolan JM, Ziska LH, Knobbe AR. Mol Nutr Food Res. 2019;63(15):e1801047.
  4. Ricachenevsky FK, Vasconcelos MW, Shou H, Johnson AAT, Sperotto RA. Frontiers in Plant Science. 2023;14.

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