O cálcio é um mineral que exerce diversas funções essenciais para o funcionamento do nosso organismo. Ele está presente em todo o corpo e, apesar de possuir variadas fontes alimentares (principalmente leite e derivados), a sua deficiência não é incomum e, por isso, sua suplementação é, muitas vezes, necessária e passou a ser usual.
 

Como o cálcio é um mineral fundamental para o nosso corpo, há mecanismos para balancear a sua quantidade no organismo, ou seja, se ingerimos muito cálcio de uma só vez, sua absorção é reduzida e, por outro lado, se a dose de cálcio for menor do que a necessária, a absorção é aumentada.
 

Heaney e colaboradores, ainda em 1990, realizaram um estudo para medir a eficiência de absorção de cálcio em função da dose. Eles concluíram que a taxa de absorção é inversamente proporcional à quantidade de cálcio ingerida de uma só vez, conforme o quadro a seguir:
 

Quantidade de cálcio ingerida (mg) Número de doses Taxa de absorção (%)
500 1 29
2 36
3 40
2000 1 16
 

Mas isso acontece dentro de uma faixa da taxa de absorção, que pode  variar de acordo com os traços que o indivíduo apresenta (por exemplo, idade e sexo…), com as características da dieta (por exemplo, fonte de cálcio, horários e quantidade consumida, consumo isolado ou junto a outros alimentos…) etc.
 

Acredita-se que o consumo de quantidades muito baixas ou muito altas de cálcio traz consequências ruins. Sabe-se que a deficiência de cálcio pode levar a cãibras musculares e até à osteoporose. Por outro lado, há, a alguns anos, a teoria de que o excesso de cálcio aumenta o risco de doenças cardiovasculares, e a morte devido a essas doenças tem sido bastante estudada.
 

Aggarwal e Sharma publicaram um editorial muito interessante no primeiro semestre de 2016. Vale, aqui, destacar alguns pontos desse texto que devem ser considerados quando esse assunto está em pauta. – A suplementação de cálcio, junto com a de vitamina D, tem sido uma intervenção de saúde pública bem recomendada para a prevenção de fraturas e melhora da saúde óssea, principalmente para pessoas com idade acima dos 50 anos.
 

– Dependendo da pesquisa realizada, o tipo de desenho do estudo pode conter limitações. Isso não permite que os resultados encontrados sejam vistos como totalmente certos ou possam ser extrapolados para a população em geral.

– É preciso considerar o organismo como um todo. Dessa forma, o cálcio não pode ser “responsabilizado” sozinho por todos os desfechos: outras vitaminas e minerais precisam ser analisados. Para que o corpo funcione bem, ele precisa estar equilibrado.

– A evidência atual não suporta a hipótese de que a suplementação de cálcio aumenta a doença cardíaca coronária.
 

Em 2012, Imdad e Bhutta analisaram diversos trabalhos para avaliar o efeito da suplementação de cálcio durante a gestação sobre a saúde materna e fetal. Concluiu-se que a suplementação de cálcio durante a gravidez está associada ao aumento do peso ao nascer e à redução do risco de parto prematuro e de hipertensão na gestação. Além disso, não foram encontradas associações entre a suplementação de cálcio e um maior risco de mortalidade perinatal ou de problemas renais.
 

Desta forma, atualmente não é totalmente aceita a afirmação de que o excesso de cálcio aumenta, de fato, o risco cardiovascular. Por outro lado, por que não se precaver?
 

Em meio a esse turbilhão de informações, muitas vezes contraditórias, que associam a deficiência de cálcio a problemas comuns, como a osteoporose, e o excesso desse mineral ao risco cardiovascular, o que fazer?
 

Assim, cada caso deve ser avaliado individualmente por um profissional habilitado. A primeira opção é, sempre, adequar a alimentação de forma que não seja necessário suplementar: alimentos fortificados podem ser uma opção nesse caso! Mas, quando a suplementação é necessária, é preciso escolher a melhor alternativa dentre as possíveis.
 

O profissional de saúde deve avaliar qual a melhor dose e frequência de consumo além do melhor tipo de suplemento ou produto.
 

O tipo de cálcio usado em cada produto influencia muito o resultado tanto em termos de palatabilidade e aceitação do produto final pelas pessoas como em relação à biodisponibilidade do cálcio.
 

 


 

 

 

Referências Bibliográficas:

AGGARWAL, N.; SHARMA, S. Calcium fortification or supplementation in postmenopausal females: recent controversy. Journal of Mid-life Health.  v. 7, n. 2, p. 54-5. 2016.

ALBION, Human Nutrition. Calcium supplementation: still a necessity – safety in question. Research Notes: A compilation of vital research updates on human nutrition. v. 24, n. 1. 2015.

HEANEY, R. P.; WEAVER, C. M.; FITZSIMMONS, M. L. Influence of calcium load on absorption fraction. Journal of Bone and Mineral Research, v. 5, n. 11, p. 1135-8. 1990.

IMDAD, A.; BHUTTA, Z. A. Effects of calcium supplementation during pregnancy onmaternal, fetal and birth outcomes.Paediatric and Perinatal Epidemiology, v. 26 (Suppl. 1), p. 138-52. 2012.

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