No dia 29 de agosto, será comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, com o objetivo de reforçar as ações nacionais de conscientização da população para os danos causados pelo tabagismo. Neste ano, a campanha aborda o tema “Tabagismo e coronavírus (COVID-19)”, já que o tabagismo, também considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde, é um fator de risco tanto para a transmissão quanto para o agravamento da COVID-19.
Os fumantes parecem ser mais vulneráveis à COVID-19, pois o ato de fumar faz com que haja constante contato dos dedos (e possivelmente de cigarros contaminados) com os lábios e boca, aumentando a possibilidade da transmissão do vírus. Além disso, os fumantes têm maior risco de infecções virais e respiratórias e de doenças cardiovasculares devido ao maior estresse oxidativo no organismo causado pelo tabagismo. Assim, esse grupo de indivíduos necessita de um consumo diário superior de antioxidantes em relação aos não-fumantes para reduzir as consequências negativas da exposição prolongada às toxinas do cigarro.
Um importante nutriente que pode auxiliar os fumantes a minimizar os danos oxidativos do tabagismo no organismo é a astaxantina, um carotenoide produzido principalmente pela microalga Haematococcus pluvialis e encontrado no pigmento avermelhado de peixes e frutos do mar, como truta, salmão e lagosta. Acredita-se que este carotenoide também possa desempenhar um papel adjuvante importante na prevenção ou melhora dos sintomas associados à COVID-19.
A astaxantina é considerada um dos antioxidantes naturais mais poderosos conhecidos até o momento, com inúmeros benefícios à saúde comprovados por diversos estudos em animais e humanos. Seu verdadeiro diferencial é produzir benefícios antioxidantes clinicamente significativos em seres humanos, incluindo grupos especialmente vulneráveis ao estresse oxidativo, como os fumantes.
Um estudo investigou os efeitos da astaxantina sobre o estresse oxidativo em fumantes que consumiam 20 ou mais cigarros por dia. A suplementação com astaxantina por 3 semanas em diferentes doses (5, 20 ou 40 mg por dia) reduziu significativamente os níveis de marcadores de estresse oxidativo e aumentou os níveis de antioxidantes no organismo dos fumantes. Os pesquisadores concluíram que a astaxantina pode prevenir o dano oxidativo e estimular a atividade do sistema antioxidante do organismo dos fumantes. Também foi observado que doses menores de astaxantina, como 5 mg, podem ter o efeito antioxidante necessário para esses indivíduos.
Estudos em roedores também comprovaram os efeitos protetores da astaxantina contra o estresse oxidativo associado ao tabagismo. Em camundongos expostos à fumaça de cigarro por 12 semanas, a suplementação com astaxantina protegeu contra o estresse oxidativo e melhorou o enfisema pulmonar induzido pela fumaça do cigarro.
Outro estudo com camundongos e células imunes (macrófagos) verificou que a astaxantina foi capaz de reduzir a inflamação e estresse oxidativo decorrente da exposição à fumaça de cigarro e ao lipopolissacarídeo (um componente de bactérias gram-negativas que causa inflamação), indicando um potencial preventivo e terapêutico na resposta inflamatória das vias aéreas associada à doença pulmonar obstrutiva crônica.
Cada vez mais evidências indicam que a fumaça de cigarro também induz estresse oxidativo no cérebro, prejudicando a função cognitiva. Um estudo recente com camundongos constatou que a suplementação de astaxantina protegeu o cérebro contra o dano, a inflamação e o estresse oxidativo causados pela exposição à fumaça de cigarro, melhorando a memória e o aprendizado dos animais.
Vale notar que a biodisponibilidade da astaxantina é significativamente afetada pelo tabagismo. Em um estudo de 2009, uma dose única de 48 mg foi cerca de 40% menos biodisponível e foi eliminada mais rapidamente em indivíduos que fumaram.
Diante do exposto, fica claro que as importantes propriedades antioxidantes e detoxificantes da astaxantina, juntamente com o seu perfil de segurança comprovado, fazem com que este carotenoide possa ser considerado um agente importante na redução do estresse oxidativo aumentado em fumantes, contribuindo para a amenização dos efeitos prejudiciais do tabagismo. Os suplementos alimentares podem ser uma maneira prática de aumentar o consumo deste importante nutriente.
Produzido por: Andrea Rodrigues Vasconcelos, PhD.
Referências
Instituto Nacional de Câncer, Ministério da Saúde. Dia nacional de combate ao fumo – 2020. Disponível em: < https://www.inca.gov.br/campanhas/dia-nacional-de-combate-ao-fumo/2020/tabagismo-e-coronavirus-segunda-fase > Acesso em: 24 de agosto de 2020.
Pereira CPM, Remondi Souza AC, Rodrigues Vasconcelos A, Prado PS, Name JJ (2020). Antioxidant and Anti-inflammatory Mechanisms of Astaxanthin in Cardiovascular Diseases. Preprints 2020, 2020080119. doi: 10.20944/preprints202008.0119.v1 Disponível em: < https://www.preprints.org/manuscript/202008.0119/v1 > Acesso em: 24 de agosto de 2020.
Ferreira AO et al (2020). Postulated Adjuvant Therapeutic Strategies for COVID-19. J Pers Med. 10, 80. doi: 10.3390/jpm10030080
Kidd P (2011). Astaxanthin, cell membrane nutrient with diverse clinical benefits and anti-aging potential. Altern Med Rev. 16(4):355-364.
Kim JH et al. (2011). Protective effects of Haematococcus astaxanthin on oxidative stress in healthy smokers. J Med Food. 14(11):1469-1475. doi: 10.1089/jmf.2011.1626
Kubo H et al. (2019). Astaxanthin Suppresses Cigarette Smoke-Induced Emphysema through Nrf2 Activation in Mice. Mar Drugs. 17(12):673. doi: 10.3390/md17120673
Yang X et al. (2020). Astaxanthin Attenuates Environmental Tobacco Smoke-Induced Cognitive Deficits: A Critical Role of p38 MAPK. Mar Drugs. 3;17(1):24. doi: 10.3390/md17010024.
Okada Y et al. (2009). Bioavailability of astaxanthin in Haematococcus algal extract: the effects of timing of diet and smoking habits. Biosci Biotechnol Biochem. 73:1928-1932.