As doenças cardiovasculares são muito comuns hoje em dia e você, certamente, já ouviu falar sobre esse assunto.
Suas causas são diversas, incluindo a predisposição genética, e podem levar à morte e à inaptidão. Dentre elas, podemos citar as dislipidemias, hipertensão, diabetes, insuficiência cardíaca e aterosclerose.
A nutrição desempenha papel importante na manutenção da saúde cardiovascular, pois, sendo o estresse oxidativo é um fator negativo presente na maioria dessas doenças, os antioxidantes dietéticos são considerados agentes eficazes no seu combate.
O estresse oxidativo causa dano celular, agravando as patologias citadas acima. Dessa forma, pesquisas buscam alternativas para reduzir seus efeitos prejudiciais e melhorar a capacidade antioxidante do organismo como forma de tratamento e prevenção das enfermidades cardiovasculares e suas complicações.
Mas o que é o estresse oxidativo?
É um desequilíbrio entre a capacidade de ação dos antioxidantes e as EROs (espécies reativas de oxigênio), as quais, quando liberadas em excesso, participam do mecanismo intermediário de várias complicações e doenças (inflamação, trauma, doenças degenerativas, morte celular, etc.).
O que são EROs (espécies reativas de oxigênio)?
EROs são espécies químicas geradas a partir dos radicais livres (RL). Também são chamadas de agentes pró-oxidantes, entre os quais estão o radical hidroxila (OH), o peróxido de hidrogênio (H2O2), o ânion superóxido (O2).
O que são RL (Radicais livres de oxigênio)?
RL são átomos, íons ou moléculas de oxigênio muito instáveis e com grande capacidade de reagir com outras moléculas do nosso corpo. Essas espécies tendem se a ligar, formando receptores (oxidantes) e doadores (redutores) de elétrons.
Reações oxidativas ocorrem como um processo normal para o equilíbrio do nosso corpo e são balanceadas pela ação de antioxidantes, tanto endógenos (presentes no próprio organismo, como, por exemplos, enzimas superóxido dismutase – SOD, catalase e glutationa peroxidase), como provenientes da dieta (vitaminas e minerais vindos dos alimentos ingeridos). O desequilíbrio no estado de óxido-redução em favor das reações pró-oxidativas é que causa dano nas células e promove o estresse oxidativo.
Assim, um sistema de defesa antioxidante deficiente é um fator de risco para doenças cardiovasculares. Vários mecanismos são propostos para explicar essa relação e eles se resumem à geração de RL em grande quantidade, liberação de EROs, que leva a danos celulares e condição inflamatória, agravando o quadro da doença cardiovascular.
Diferentes elementos são estudados por possuírem função antioxidante e, hoje, destacaremos os minerais zinco e cobre. Os antioxidantes exógenos atuam como moléculas suicidas, neutralizando o radical livre. Sendo assim, a reposição deles deve ser contínua, mediante a ingestão de alimentos que os contêm ou a suplementação, necessária em alguns casos.
Zinco
O Zinco é um mineral antioxidante que atua nos mecanismos celulares de defesa contra os radicais livres.
Ele inibe a atividade de enzimas envolvidas na produção de EROs e é essencial para a formação de enzimas do sistema antioxidante endógeno. Além disso, participa diretamente da neutralização do radical livre hidroxila e induz a produção de metalotioninas, substâncias que também atuam na remoção desse radical.
O que relaciona o desenvolvimento de doenças cardiovasculares à deficiência de zinco são vários mecanismos que envolvem danos estresse oxidativo, apoptose (morte celular) e inflamação.
As doenças cardiovasculares são associadas à deficiência de zinco com base em vários mecanismos que envolvem danos estresse oxidativo, apoptose (morte celular) e inflamação.
As evidências principais envolvendo zinco e doenças cardiovasculares apontam que:
- a suplementação com zinco reduz marcadores de estresse oxidativo plasmáticos;
- indivíduos com alguma doença cardiovascular, como o diabetes, possuem menor concentração sérica de zinco quando comparados àqueles saudáveis;
- baixas concentrações de zinco são associadas à mortalidade por doenças cardiovascular.
Esses pontos sugerem que o consumo adequado de zinco pode reduzir o risco de doenças cardiovasculares ou prevenir/reduzir as suas complicações.
Cobre
O cobre é importante para várias funções em nosso corpo e, além da sua atuação como regulador do estresse oxidativo, tem seu papel na manutenção da contração do miocárdio (músculo cardíaco) evidenciado.
As cardiomiopatias têm uma variedade de causas e sintomas. São doenças do coração em que o músculo se torna alargado e/ou rígido. Quando a cardiomiopatia piora, o miocárdio torna-se mais fraco, o que diminui a sua capacidade de bombear o sangue para todo o corpo e manter um ritmo normal.
A restrição de cobre na dieta é associada à hipertrofia cardíaca (aumento nas paredes do coração) e insuficiência cardíaca.
Acredita-se que a deficiência desse micronutriente altera a expressão dos genes envolvidos no processo de contração do coração. Ele influencia a contratilidade dos cardiomiócitos (células contráteis do músculo cardíaco), inibindo o seu crescimento. A suplementação de cobre favorece a reversão nesse quadro (regressão da hipertrofia de cardiomiócitos).
Cobre e zinco são dois minerais muito importantes na manutenção da saúde cardiovascular, portanto a manutenção de níveis adequados desses micronutrientes em nosso organismo é essencial.
Referências Bibliográficas:
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