O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais incidente no Brasil, perdendo apenas para o de pele. Dentre as mulheres, dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) demonstram que o carcinoma mamário é o tipo mais frequente, com estimativa de 59.700 novos casos para o ano de 2019, o que representa 29,5% dos cânceres em mulheres. Vale mencionar que, embora menos frequente, a doença também pode ser diagnosticada em homens, acometendo 1% da população masculina. O desenvolvimento do câncer de mama é influenciado por aspectos genéticos e ambientais, o que inclui fatores reprodutivos, como menarca precoce, alta densidade de tecido mamário, ausência de filhos e não ter amamentado, até histórico de doença familiar, fatores nutricionais e de estilo de vida. Dessa forma, no manejo dessa doença multifatorial, muito tem se discutido a respeito de sua prevenção e no modo em que alguns micronutrientes podem influenciar no risco de seu desenvolvimento.
Um estudo realizado em Nova Iorque, no ano de 2015, selecionou 1.170 mulheres com câncer de mama primário para analisar a relação da ingestão de magnésio e cálcio e a respectiva sobrevida das pacientes, por cerca de 8 anos. Como resultado, observou-se que o consumo de magnésio está relacionado com a diminuição na mortalidade por causas diversas após o diagnóstico, principalmente nas mulheres em período de pós-menopausa.
Outro ensaio clínico acompanhou durante 10 anos cerca de 30 mil mulheres que estavam nos períodos pré e pós-menopausa, para avaliar a relação dos níveis de cálcio e vitamina D com o câncer de mama. Durante este período, 1.019 mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama invasivo. Dentre aquelas que estavam no período pré-menopausa, os autores observaram que uma maior ingestão de cálcio e vitamina D estava associada ao menor risco no crescimento de tumores mamários, principalmente, os mais agressivos.
O selênio também vem sendo descrito como importante nutriente que age tanto na prevenção quanto no tratamento da doença. Segundo um artigo de revisão publicado na Indian Journal of Clinical Practice, o selênio tem efeito antineoplásico significativo nas células tumorais no câncer de mama, uma vez que esse mineral potencializa a ação de alguns fármacos quimioterápicos, como o taxol e doxorrubicina, tornando o tratamento mais efetivo. Além disso, a suplementação do selênio parece atenuar os efeitos deletérios de mutações no gene BRCA1, responsável pela manutenção e integridade do genoma humano. Acredita-se que mulheres que apresentam mutações nesse gene possuem 80% de risco a mais em desenvolver câncer de mama e, desta maneira, a intervenção com o selênio pode contribuir na prevenção da doença.
A prevenção e o controle do câncer de mama são essenciais no combate a essa doença, que atinge fortemente o público feminino. Com os estudos recentes, nota-se a importância dos micronutrientes na manutenção da nossa saúde e na prevenção de doenças. Além dos cuidados básicos, como o autoexame e a realização de mamografias periódicas (principalmente após os 40 anos), é essencial estar sempre atento ao consumo nas quantidades adequadas de cada nutriente, consultando o médico ou o nutricionista nos casos em que a suplementação for necessária.
Referências
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