A doença de Alzheimer (DA) é uma das doenças neurodegenerativas mais frequentes associada à idade. A DA caracteriza-se pela morte neuronal e pelo comprometimento da transmissão sináptica em áreas relacionadas às funções cognitivas, como o hipocampo e o córtex cerebral. Alguns dos sintomas associados à patologia são: a perda de memória, a dificuldade na compreensão e na linguagem e a redução da capacidade de executar processos finos (ex: abotoar uma camisa). Esse comprometimento progressivo afeta de forma significativa a qualidade de vida no envelhecimento.

Estima-se que no ano de 2050, o número de pessoas com DA alcance a marca de 115,4 milhões. Atualmente, essa doença afeta cerca de 10% dos indivíduos com mais de 60 anos e 40% daqueles acima de 80 anos. Apesar de ser uma doença de grande impacto, ainda não existe nenhuma conduta clínica capaz de realizar a sua prevenção ou cura. Todavia, aspectos nutricionais vêm sendo estudados como importantes fatores de risco no desenvolvimento desse tipo de demência, onde alguns nutrientes específicos possuem papel chave no retardo do declínio cognitivo.

O ômega-3 é um ácido graxo muito descrito na prevenção da DA. O mecanismo de proteção mais estudado é o poder do DHA (ácido docosahexaenoico) limitar a produção e o acúmulo do peptídeo β-amiloide, que é amplamente conhecido como um marcador patológico da doença. Um estudo transversal publicado na revista Neurology elucidou essa possível associação em uma população de 1.219 idosos, concluindo que aqueles que possuíam uma ingestão mais elevada de ômega-3 tinham níveis plasmáticos mais baixos do peptídeo β-amiloide. Além disso, a literatura relata que o DHA tem funções neuroprotetoras, como, por exemplo, a promoção da neurogênese e a melhora na fluidez da membrana sináptica.

As vitaminas do complexo B, o que inclui o folato também desempenham um importante papel na prevenção da DA, já que estão associados a processos metabólicos neuronais, bem como na conversão de homocisteína (diretamente relacionada com a DA) em cisteína ou metionina. A deficiência de folato também está associada com processos de inflamação sistêmicos que acabam por interferir na cognição. Um estudo realizado na China, em 2016, investigou a suplementação de ácido fólico (vitamina B9, 1,25mg/dia), durante ou imediatamente após as refeições, em pacientes recém diagnosticados com DA. A partir dos resultados obtidos, foi observado melhora no desempenho cognitivo e redução dos marcadores de inflamação nos indivíduos suplementados, além de níveis reduzidos do peptídeo β-amiloide em comparação com o grupo placebo.

Como o estresse oxidativo consiste em uma das causas da perda neuronal na DA, os antioxidantes foram considerados possíveis moléculas que podem retardar o seu início. Aparentemente, o consumo adequado ou suplementação de vitaminas C e E, e do mineral selênio exerce papel fundamental no combate ao estresse oxidativo.Assim, as defesas antioxidantes podem atuar na prevenção da formação, remoção e decomposição das espécies reativas de oxigênio (EROs). Um estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition analisou os níveis de ingestão de vitamina E e sua relação com a DA em idosos com mais de 65 anos, e concluiu que o aumento da ingestão de vitamina E em 5 mg/dia diminuiu em 26% o risco de desenvolvimento da doença. Outro estudo demonstrou que indivíduos com a DA possuíam uma concentração de selênio no cérebro 60% menor em comparação com indivíduos saudáveis, sendo que os baixos níveis séricos de selênio estão relacionados com a perda cognitiva durante o processo do envelhecimento.

Diante disso, pode-se verificar a importância do uso de nutrientes específicos como fator terapêutico e de prevenção a patologias de grande repercussão. A DA é uma doença degenerativa progressiva e ainda sem cura, que acomete a população idosa e causa danos imensuráveis aos pacientes, seus familiares e aos órgãos de saúde. Apesar dos resultados positivos dos estudos sobre o efeito de alguns nutrientes na DA, ainda são necessários mais ensaios que comprovem e estabeleçam uma conduta terapêutica e preventiva mais concreta, com o intuito de retardar o início do desenvolvimento da DA.

 

 

Referências
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