O termo biodisponibilidade refere-se à proporção de um nutriente consumido que é absorvida, ficando disponível para a utilização pelo organismo. A biodisponibilidade dos nutrientes provenientes da dieta e de suplementos alimentares é influenciada por vários fatores, incluindo o estado nutricional, saúde e estágio de vida do indivíduo. Os fatores relacionados à dieta que afetam a biodisponibilidade dos nutrientes incluem a sua forma química, as interações entre os nutrientes e outros componentes dos alimentos e o processamento do alimento. Entenda melhor a seguir.
Saúde ou estágio da vida
A saúde e o estágio da vida influenciam a biodisponibilidade de nutrientes porque os indivíduos os absorvem e utilizam de maneira diferente, dependendo da idade, do estado fisiológico e do estado geral de saúde.
Por exemplo, a nossa capacidade de absorver nutrientes é reduzida à medida que envelhecemos, o que está associado, dentre outros fatores, a alterações da digestão química dos alimentos e da funcionalidade da parede intestinal. Portanto, nutrientes podem ter uma biodisponibilidade mais alta em indivíduos mais jovens do que em idosos.
Interações entre os compostos dos alimentos
A ingestão de certos alimentos em conjunto pode influenciar a maneira como o organismo absorve vários nutrientes. Alguns componentes dos alimentos interagem com os nutrientes, levando a uma menor absorção do que o esperado.
Por exemplo, elementos antinutricionais da dieta, como fitatos ou polifenóis, podem se ligar a certos nutrientes no trato gastrointestinal e impedir a sua absorção pelo organismo. Os fitatos, encontrados na camada externa das plantas, podem se ligar a minerais como zinco, cálcio ou ferro, o que impede sua absorção, principalmente quando são administrados na forma conhecida como sais minerais inorgânicos.
Forma química
Se um nutriente for consumido em uma forma menos biodisponível, não conseguirá ser absorvido facilmente e, portanto, apresentará menos efeito no organismo.
Por exemplo, o ferro heme é mais facilmente absorvível do que o ferro não-heme, que é menos biodisponível. O ferro heme é encontrado em alimentos como carne, peixe ou aves e o ferro não-heme é encontrado nas plantas.
Da mesma forma, em suplementos alimentares, compostos inorgânicos como carbonato ou fosfato de cálcio, sulfato de zinco e sulfato ferroso, além de apresentarem baixa biodisponibilidade, interferem na absorção uns dos outros e na de nutrientes provenientes da dieta normal, além de poderem causar efeitos adversos gastrointestinais que inviabilizam o tratamento. Por exemplo, os sais de magnésio produzem diarreia e os de zinco e ferro, irritação gástrica.
O que podemos fazer?
Se você é vegano ou vegetariano e não consome alimentos com ferro heme (como peixe, carne e aves), aumente o consumo de alimentos que são boas fontes de ferro não-heme (como nozes, feijão e vegetais) e de produtos fortificados.
Antioxidantes como fitatos e polifenóis são reduzidos no processamento ou tratamento de alimentos. Os exemplos incluem grãos triturados, imersão de grãos em água (fitatos são hidrossolúveis) e cozinhar alimentos como feijão para reduzir os polifenóis. Além disso, considere equilibrar o consumo de alimentos crus e cozidos para garantir a máxima absorção de nutrientes.
Consuma alimentos com nutrientes que aumentam a absorção de outros nutrientes. Por exemplo, alimentos ricos em vitamina C, como frutas cítricas, aumentam a absorção de ferro nos alimentos.
Em relação aos suplementos alimentares, a maioria dos minerais atualmente utilizados neste mercado é na forma inorgânica (óxidos, carbonatos, sulfatos, etc.), que são mal absorvidos pelo organismo. Na natureza, as formas altamente biodisponíveis de minerais são ligadas em proteínas para protegê-los da ligação a outros alimentos, não causando irritação no trato gastrointestinal e aumentando a sua biodisponibilidade.
Felizmente, a ciência e a tecnologia podem ajudar criando e imitando moléculas orgânicas de formas assimiláveis pelo organismo: os minerais aminoácidos quelatos. Essa forma de mineral apresenta características únicas devido a ligação entre o mineral e aminoácidos. Após o consumo, o mineral continua ligado aos aminoácidos em sua passagem pelo trato gastrointestinal e não interage com elementos da dieta, garantindo uma alta biodisponibilidade e absorção de 3 a 8 vezes maior do que a dos minerais inorgânicos. Outra vantagem é a diminuição ou até mesmo ausência de efeitos colaterais no trato gastrointestinal.
Referências
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