No dia 1 de outubro é celebrado o Dia Internacional das Pessoas Idosas e o Dia Nacional do Idoso. Esta data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de incentivar os países a chamarem a atenção e a desafiarem estereótipos negativos e equívocos sobre pessoas idosas e envelhecimento, permitindo que esses indivíduos atinjam seu potencial1.
A composição da população mundial mudou drasticamente nas últimas décadas. Entre 1950 e 2010, a expectativa de vida em todo o mundo subiu de 46 para 68 anos. Globalmente, havia 703 milhões de pessoas com 65 anos ou mais em 2019. Nas próximas três décadas, a população idosa no mundo deverá mais que dobrar, atingindo mais de 1,5 bilhão de pessoas em 2050, com aumento mais rápido ocorrendo nos países menos desenvolvidos, onde o número de pessoas com 65 anos ou mais pode aumentar de 37 milhões em 2019 para 120 milhões em 2050 (225%)1.
Contudo, lamentavelmente, muitos idosos não têm acesso nem mesmo aos recursos básicos necessários para uma vida com sentido e dignidade e muitos outros enfrentam múltiplas barreiras que impedem sua plena participação na sociedade. Assim, no âmbito da saúde, a Portaria MS nº 2.528/2006, revisada pela Portaria de Consolidação nº 2/2017, aprovou a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, cuja finalidade primordial é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim1.
Uma forma de auxiliar neste propósito é diminuir uma condição muito frequente entre os idosos, a sarcopenia. A sarcopenia é uma condição definida como a perda progressiva de massa e da força muscular relacionadas à idade. De fato, estima-se que, a partir dos 40 anos de idade, haja uma redução de 8% na massa e força muscular por década. A partir dos 70 anos, há uma perda rápida que varia de 25% a 40% por década. A sarcopenia é, geralmente, associada a consequências graves para a saúde, como fragilidade, incapacidade e mortalidade, causando prejuízos na qualidade de vida2, 3. Vale mencionar que esta doença atinge cerca de 15,4% da população idosa no Brasil, com números ligeiramente maiores entre as mulheres4.
A sarcopenia pode ser decorrente de fatores como processos neurodegenerativos, consumo de dietas de baixa densidade calórica e nutricional, alterações endócrinas, tabagismo, aumento do estresse oxidativo e diminuição da atividade física3, 5.
Em relação ao consumo dietético, nos idosos este tende a ser menor em proteínas e em nutrientes, em razão da perda de apetite, da redução do paladar e olfato, da saúde oral prejudicada, além de fatores psicossociais, econômicos e medicamentosos. Somado a isso, a absorção intestinal dos idosos é reduzida comparada aos indivíduos de outras faixas etárias3, 5. Assim, com o aumento das necessidades basais e a ingestão alimentar reduzida, a suplementação de nutrientes, como minerais e vitaminas se faz necessária nessa população6 e, particularmente, o magnésio é um ativo importante nesse cenário.
O magnésio é um nutriente essencial que contribui para a manutenção da saúde muscular, visto que é necessário para a síntese de proteínas, a contração muscular, o metabolismo energético, a redução da inflamação crônica, o metabolismo insulina-glicose, além de influenciar a síntese de hormônios esteroides7-13. Inclusive, já foi avaliado que mulheres idosas com ingestão adequada de magnésio, por meio da dieta, tem 16% menos risco de desenvolver fragilidade14, enquanto em homens, um aumento em 100 mg na ingestão diária desse mineral reduz, em 22%, o risco de fragilidade15.
Assim, a suplementação nutricional é uma forma segura, eficaz e prática de retardar e/ou atenuar o processo de sarcopenia, onde nutrientes chaves como o magnésio, envolvidos na função muscular e no controle inflamatório, têm demonstrado resultados significativos e promissores neste contexto.
Uma vida mais longa traz consigo oportunidades, não apenas para os idosos e suas famílias, mas também para a sociedade como um todo. Anos adicionais oferecem a chance de buscar novas atividades, como educação adicional, uma nova carreira ou perseguir um objetivo há muito negligenciado. As pessoas mais velhas também contribuem de muitas maneiras para suas famílias e comunidades, porém, a extensão dessas oportunidades e contribuições depende muito de um fator: saúde1.
Referências
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