O zinco é um mineral categorizado como um elemento essencial para a saúde humana 1. Em questão de distribuição no organismo, o zinco pode ser encontrando em todos os tecidos do corpo humano, ficando atrás apenas do ferro2. Esse mineral, que apresenta importante atividade antioxidante, atua em mais de 300 enzimas, desempenhando um papel fundamental em processos biológicos como a divisão celular, o metabolismo, o desenvolvimento sexual, o crescimento e desenvolvimento normais, a imunidade e a capacidade cognitiva 1, 2. Por participar de diversos processos, a deficiência desse mineral está relacionada a uma série de prejuízos para a saúde.
O Brasil se enquadra em um nível de risco médio para deficiência de zinco, com uma parcela de 20,3% da população apresentando risco de ingestão inadequada do mineral 1. Nesse contexto, a suplementação é uma estratégia simples e eficaz de garantir níveis adequados de zinco e evitar prejuízos à saúde. Mas qual fonte escolher? São todas iguais?
A suplementação com zinco pode ser realizada com diferentes fontes, como as fontes inorgânicas, que inclui as formas de sulfato, óxido e carbonato, ou fontes orgânicas com o gluconato e o bisglicinato. A diferença entre essas fontes está, principalmente, na taxa de absorção, doses necessárias e efeitos colaterais associados. Diante disso, a literatura científica demonstra que a melhor fonte de suplementação é a forma de bisglicinato.
O Zinco Bisglicinato Quelato é composto por uma molécula de zinco ligada a duas moléculas de glicina, formando um composto mais estável e menos reativo, com maior capacidade de absorção pelo organismo, utilizando doses menores e menos efeitos colaterais associados, quando comparado com outras fontes de zinco 3.
Zinco bisglicinato x Sulfato de zinco
O sulfato de zinco já foi uma fonte muito popular para a suplementação, mas seu uso diminuiu nos últimos anos em razão da irritação no trato gastrointestinal provocada por essa fonte inorgânica. Assim, suplementos orgânicos de Zn, como o bisglicinato, passaram a ser usados como uma fonte mais segura e eficaz. O estudo de Sanchez et al. (2014) comparou a eficácia da suplementação do zinco bisglicinato quelato com a do sulfato de zinco na prevenção de quadros de infecção respiratória e diarreia aguda em crianças pré-escolares. Os resultados mostraram que o zinco bisglicinato teve um melhor efeito na redução da incidência dos quadros de diarreia e de infecção respiratória aguda, além de resultar na menor incidência de efeitos colaterais, como diarreia e vômito, em comparação com os outros grupos (placebo e sulfato de zinco) 4.
Zinco bisglicinato x Gluconato de zinco
O gluconato de zinco é uma fonte orgânica, mas quando comparado ao bisglicinato, possui menor biodisponibilidade. O estudo de Gandia et al. (2007), conduzido com mulheres saudáveis, observou que o zinco bisglicinato quelato é seguro, bem tolerado e aumenta significativamente a biodisponibilidade do zinco (43,44%), quando comparado ao gluconato de zinco 6. Da mesma forma, outro estudo avaliou mulheres saudáveis divididas aleatoriamente em três grupos: placebo, 60 mg de zinco gluconato, e 60 mg de zinco bisglicinato quelato. Como resultado foi observado que a suplementação com o bisglicinato aumentou os níveis séricos de zinco, o que não aconteceu com os grupos placebo e zinco gluconato, corroborando a maior biodisponibilidade do zinco bisglicinato7.
Diante do exposto, conclui-se que os minerais aminoácidos quelatos apresentam biodisponibilidade superior em comparação a outros minerais comumente utilizados na nutrição humana. Além disso, apresentam características únicas, devido ao processo de ligação entre o mineral e o aminoácido, que garantem uma alta biodisponibilidade e uma absorção de três a oito vezes maior do que as fontes inorgânicas 3. Além disso, eles não interagem com medicamentos, não formam complexos insolúveis com outros minerais e apresentam diminuição ou até mesmo ausência de efeitos colaterais no trato gastrointestinal 3, garantindo que o mineral estará disponível para exercer suas atividades no organismo.
Produzido por: Pietra Sacramento Prado, BSc e Denise Dias, MSc.
Referências
- Cominetti C., Reis B.Z., Cozzolino S.M.F. ILSI Brasil-International Life Sciences Institute do Brasil. 2017 7.
- Pedraza D.F.S.M.C. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant. 2017;17(2):233-249.
- Ashmead H.D. Comparative Intestinal Absorption and Subsequent Metabolism of Metal Amino Acid Chelates and Inorganic Metal Salts. In: Subramanianm K, ed. Biological Trace Element Research. Washington DC: ACS Publications; 1991:306-319.
- Sanchez J., Villada O.A., Rojas M.L., Montoya L., et al. Biomedica. 2014;34(1):79-91.
- Fang S., Burton S.A., Peterson R.V. Bioavailability of Zinc: Effect of amino Acid Quelation. In: D. A, ed. Chelated Mineral Nutrition in Plants, Animals and Man: Charles C Thomas; 1982:137-152.
- Gandia P., Bour D., Maurette J.M., Donazzolo Y., et al. Int J Vitam Nutr Res. 2007;77(4):243-248.
- DiSilvestro R.A., Koch E., Rakes L. Biol Trace Elem Res. 2015;168(1):11-14.