A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é um alcaloide pertencente ao grupo das metilxantinas. Esse composto natural foi inicialmente descoberto na década de 1820, no chá verde (Camellia sinensis) e no café (Coffea arabica). Na natureza, a cafeína é encontrada em mais de 63 espécies de plantas [1, 2].

 

A cafeína é considerada a substância psicoativa mais consumida mundialmente, estima-se que dois bilhões de xícaras de café são ingeridas por dia em todo o mundo [3]. No Brasil, em média, são consumidos cerca de 5,8 kg por pessoa/ano de café, sendo o 14ª país no ranking de maiores consumidores [4]. A maior parte é consumida no café em si, mas a cafeína também está presente em vários suplementos, bebidas energéticas e alimentos [5, 6].

 

A cafeína, após ser ingerida, é rapidamente absorvida, estando presente na corrente sanguínea após 5 a 15 minutos e atingindo o pico de concentração dentro de uma hora, em médias [5, 7]. Além disso, a sua absorção é mais lenta quando é consumida juntamente com uma refeição [8].

 

Após a absorção, a cafeína é rapidamente distribuída para todos os tecidos, conseguindo, inclusive, atravessar a barreira hematoencefálica, local onde exerce seus efeitos estimulantes no sistema nervoso central (SNC) [7]. A maioria dos estudos sobre os efeitos da cafeína no organismo humano, investigaram sua ação sobre a cognição, e tem reportado efeitos positivos, incluindo atividades que envolvem tempo de reação, alerta, atenção, memória e função executiva [5, 9, 10].

 

A suplementação de cafeína também é associada à melhora da resistência e força muscular [3], além de ser considerada uma substância ergogênica. Ou seja, a cafeína melhora o desempenho em exercícios físicos, sendo utilizada tanto por atletas profissionais, quanto pela população em geral, durante a prática de atividades físicas diversas [5]. Vale ressaltar ainda que diversos aspectos da função cognitiva são muito importantes para a prática de atividades físicas, como por exemplo a atenção, a memória de reconhecimento e o tempo de reação [5].

 

Por esse motivo, diversos estudos avaliaram os efeitos ergogênicos e cognitivos deste composto simultaneamente. Os achados sugerem que doses baixas de cafeína (2,1 mg/kg ou cerca de 150 mg) favorecem a função cognitiva, enquanto doses mais altas (4,5 mg/kg ou cerca de 350 mg) melhoram o desempenho físico. As pesquisas concluíram, portanto, que uma dose moderada (3,2 mg/kg ou cerca de 250 mg) é recomendada para beneficiar tanto o desempenho físico quanto o cognitivo [5, 11, 12].

 

Devido à rápida absorção da cafeína pelo organismo, muitos produtos disponíveis comercialmente levam a uma absorção muito rápida, acompanhada de um pico de energia por um período curto. A cafeína é então eliminada rapidamente da corrente sanguínea, ocasionando o efeito “crash“, caracterizado pela queda brusca de energia, o que resulta nos efeitos colaterais típicos do consumo da cafeína, como taquicardia, desconforto intestinal, e dores de cabeça.

 

Nesse sentido, é importante optar por fontes de cafeína que promovem uma liberação lenta e sustentada da cafeína, por um período prolongado, evitando o efeito “crash“.

 

Produzido por: Pietra Sacramento Prado, BSc e Renata Cavalcanti, PhD

 

 

Referências:  

1. Camargo M.C.R., &; Toledo, M. C. F. . Ciênc Tecnol Aliment. 1998;18(4):421-424. 2. Ashihara H., Crozier A. Trends Plant Sci. 2001;6(9):407-413. 3. Grgic J., Del Coso J. Int J Environ Res Public Health. 2021;18(11). 4. Battaglia R. 2021; https://super.abril.com.br/sociedade/qual-e-o-pais-que-mais-consome-cafe-no-mundo-dica-nao-e-o-brasil/5. McLellan T.M., Caldwell J.A., Lieberman H.R. Neurosci Biobehav Rev. 2016;71:294-312. 6. Barone J.J., Roberts H.R. Food Chem Toxicol. 1996;34(1):119-129. 7. Blanchard J., Sawers S.J. Eur J Clin Pharmacol. 1983;24(1):93-98. 8. Fleisher D., Li C., Zhou Y., Pao L.H., et al. Clin Pharmacokinet. 1999;36(3):233-254. 9. Einother S.J., Giesbrecht T. Psychopharmacology (Berl). 2013;225(2):251 274. 10. Dodd F.L., Kennedy D.O., Riby L.M., Haskell-Ramsay C.F. Psychopharmacology (Berl). 2015;232(14):2563-2576. 11. Hogervorst E., Riedel W.J., Kovacs E., Brouns F., et al. Int J Sports Med. 1999;20(6):354-361. 12. Kovacs E.M., Stegen J., Brouns F. J Appl Physiol (1985). 1998;85(2):709-715.

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