Vitamina K2
A vitamina K é uma vitamina solúvel em gordura e tem duas principais formas: a vitamina K1, também conhecida como filoquinona, e a vitamina K2, também conhecida como menaquinona.
A vitamina K1 é mais popular devido ao seu papel essencial na coagulação do sangue, uma atividade regulada pelo fígado. É encontrada em fontes vegetais de folhas verdes, como couve, espinafre e brócolis.
A vitamina K2, ou menaquinona, pode ser abreviada como MK-n, em que “n” expressa a constituição química da molécula, sendo o número de grupos isoprenóides presentes na cadeia lateral. Os suplementos mais comuns e os mais estudados da vitamina K2 são MK-4 e MK-7.
MK-4 é a única menaquinona que não é sintetizada por bactérias e é encontrada, principalmente, em produtos de origem animal, como gema de ovo, carne, fígado e manteiga. Já as menaquinonas de cadeia mais longa (MK-7 e MK-10, por exemplo) são sintetizadas exclusivamente por bactérias e encontradas em alimentos fermentados, em particular no natto (alimento típico da cultura japonesa, produzido a partir da soja fermentada), queijo, coalhada e chucrute.
Estudos vêm mostrando que MK-7, em comparação com MK-4, possui maior biodisponibilidade, maior contribuição para o aumento de vitamina K no soro e, portanto, tem maior importância para os tecidos extra-hepáticos.
Acredita-se que o consumo de alimentos que contêm vitamina K vem diminuindo gradualmente ao longo do tempo. Assim, além do incentivo ao consumo de fontes naturais dessa vitamina, a suplementação oral pode ser uma estratégia importante para beneficiar a saúde óssea.
Saúde óssea
A probabilidade de desenvolver uma doença óssea na vida está intimamente relacionada à quantidade de massa óssea acumulada antes dos 30 anos. Considerando que 90% do pico de massa óssea é adquirido até os 18 anos, nas meninas, e até os 20 anos, nos meninos, e ainda que a estimativa de aumento de 10% da massa óssea é capaz de reduzir o risco de fraturas osteoporóticas na vida adulta em 50%, torna-se muito importante adotar bons hábitos para a construção óssea adequada desde cedo.
A vitamina K2 é essencial para a ativação de proteínas dependentes da vitamina K (PDVK), dentre as quais uma das mais estudadas é a osteocalcina (OC). Ela é uma proteína capaz de ligar o cálcio à matriz óssea, reforçando, assim, o esqueleto. Sem a quantidade adequada de K2, a osteocalcina permanece inativa e o cálcio não é direcionado para criar ossos mais fortes.
Schurgers e colaboradores compararam a absorção e eficácia da vitamina K1 e MK-7, em voluntários saudáveis, e constataram que as duas formas foram bem absorvidas, mas que a MK-7 foi mais eficaz em relação à ação da osteocalcina no osso. Os autores sugeriram que o maior efeito da MK-7 no osso pode ser atribuído ao seu tempo de meia vida mais longo, em comparação com o da K1, resultando em níveis mais altos e mais estáveis no sangue.
Estudos apontam alguns efeitos positivos da vitamina K e de sua atuação no osso:
– melhora dos níveis dessa vitamina estão associadas a ossos mais fortes e densos na infância;
– crianças saudáveis na pré-puberdade, suplementadas com MK-7, refletiram aumento da ativação da osteocalcina, indicando melhor saúde óssea;
– mulheres na pós-menopausa apresentaram maior redução da incidência de fraturas.
As pesquisas mostram que a vitamina K2 tem efeitos positivos sobre os osteoblastos e efeitos inibidores sobre osteoclastos.
– Os osteoblastos são células que têm como função a formação óssea. A vitamina K2 promove um aumento no número e na atividade dos osteoblastos e inibe a morte dessas células.
– Os osteoclastos são células de reabsorção óssea. A vitamina K2 inibe a ação dessas células, induzindo sua morte por apoptose.
É inegável que a vitamina K2 tem importante papel no metabolismo do cálcio ao longo da vida. Isso deixa claro que precisamos de vitamina K2 suficiente para garantir a formação e o crescimento ósseo saudável durante a infância e a adolescência, a manutenção de ossos fortes durante a vida adulta e a inibição da perda óssea quando idosos.
Em casos de deficiência desse nutriente, a suplementação apresenta-se como uma alternativa viável e importante a ser considerada.
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Referências Bibliográficas:
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SCHURGERS, L. Vitamin K-containing dietary supplements: comparison of synthetic vitamin K1 and natto-derived menaquinone-7. Blood. v. 109, p. 3279-83. 2007.
VILLA, J. K. D. Effect of vitamin K in bone metabolism and vascular calcification: a review of mechanisms of action and evidences. Critical Reviews In Food Science And Nutrition. 2016. Disponível em: <http://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/10408398.2016.1211616>. Acesso em: 10/2016.