A relação entre a deficiência de zinco e a baixa imunidade foi descoberta há cerca de 50 anos e tem sido investigada desde então.
O zinco funciona como um modulador da resposta imune por meio da sua disponibilidade, que é controlada por vários transportadores e reguladores. Quando esse mecanismo é perturbado e a disponibilidade de zinco é reduzida, ocorrem alterações na sobrevivência, proliferação e diferenciação das células de diferentes órgãos e sistemas e, em particular, das células do sistema imunológico, que é o responsável pelas defesas do nosso corpo.
O zinco presente em nosso organismo possui um pool plasmático considerado pequeno (13,8-22,9 mmol/L) e uma rotação rápida, ou seja, a quantidade de zinco circulante não possui amplas reservas, pois o armazenamento desse mineral em nosso corpo não é muito grande. Sendo assim, o consumo diário de zinco é recomendado a fim de manter quantidades circulantes capazes de suportar todas as funções para as quais esse importantíssimo nutriente é requerido.
A resposta imune pode ser dividida em dois sistemas principais: inato e adaptativo. E o zinco é essencial em ambos!!
Quando patógenos (organismos capazes de causar doenças) entram no corpo, as primeiras células que atuam no seu reconhecimento e na sua eliminação são as células do sistema imune inato (as células polimorfonucleares [PMN], macrófagos e células assassinas naturais/natural killer [NK]). As PMN são as primeiras células a entrar ativamente no local da infecção. Elas englobam os patógenos por fagocitose e matam-nos mediante a produção de espécies reativas de oxigênio/ reactive oxygen species (ROS). A resposta imune adaptativa é orquestrada por células altamente especializadas chamadas linfócitos T e linfócitos B. Os linfócitos B levam à produção de anticorpos especificamente dirigidos contra um antígeno (resposta imune humoral), ao passo que os linfócitos T ativam outras células do sistema imune (linfócitos T auxiliares, por exemplo). As células dendríticas (DCs) servem como uma ligação entre os sistemas imunes inato e adaptativo.
Quando a homeostase do zinco é interrompida, a função imune fica danificada, o que leva ao comprometimento dos sistemas de defesa e ao aumento do risco de desenvolver doenças. Sendo assim, a deficiência e a suplementação desse micronutriente essencial são fatores importantes que influenciam o sistema imunológico.
A deficiência de zinco está muito ligada à ingestão insuficiente ou à absorção prejudicada e é observada, comumente, em habitantes de países em desenvolvimento, idosos, vegetarianos e indivíduos com algumas doenças crônicas, como insuficiência renal e diarreia recorrente.
A suplementação com zinco pode restaurar ou mesmo melhorar a função imune e tem sido utilizada como tratamento terapêutico, principalmente nos casos de distúrbios crônicos gastrointestinais, doenças renais e predisposições genéticas, tais como a anemia falciforme.
Considerando que a disponibilidade de zinco faz a diferença, é necessária muita atenção na hora de escolher o tipo de suplemento a ser usado.
Disilvestro, Koch e Rakes realizaram um estudo, em Ohio/Estados Unidos, comparando os efeitos da suplementação com zinco gluconato e com zinco glicinato nas concentrações de zinco plasmático em mulheres adultas.
As participantes foram distribuídas em três grupos de 10 pessoas cada: placebo; maltodextrina ou 60 mg de zinco/dia na forma gluconato e maltodextrina ou 60 mg de zinco/dia na forma glicinato. O consumo durou 6 semanas e amostras de sangue foram colhidas antes e após o período de suplementação.
Como se pode observar no gráfico acima, a suplementação com zinco glicinato promoveu aumento de zinco plasmático, o que não foi observado no grupo que recebeu suplementação com o zinco gluconato ou no grupo placebo, ressaltando que a suplementação com zinco glicinato foi mais eficaz em aumentar o zinco plasmático do que a suplementação com zinco gluconato. Fonte: Disilvestro, Koch e Rakes (2015).
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Referências Bibliográficas:
BONAVENTURA, P. et al. Zinc and its role in immunity and inflammation. Autoimmunity Reviews, v. 14, n. 4, p. 277–85, 2015.
DISILVESTRO, R. A.; KOCH, E. RAKES, L. Moderately high dose zinc gluconate or zinc glycinate: effects on plasma zinc and erythrocyte superoxide dismutase activities in young adult women. Biological Trace Element Research, v. 168, n. 1, p 11–4. 2015.
MAARES, M.; HAASE, H. Zinc and immunity: an essential interrelation. Archives of Biochemistry and Biophysics. 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1016/j.abb.2016.03.022>.