Iniciamos o mês de dezembro e junto com as comemorações de fim de ano temos um aumento na ingestão de bebidas alcoólicas, o que pode ser prejudicial para a saúde, se consumida em quantidades excessivas. Se ainda assim não quiser perder a diversão e consumir de forma moderada, é possível dar uma “forcinha” para o seu corpo, auxiliando-o no combate à famosa ressaca e nos prejuízos causados pelo álcool em excesso.

 

A ressaca é o resultado da intoxicação aguda pelo álcool, caracterizada pela associação de sintomas físicos e mentais, experimentados no dia posterior a um único episódio de consumo excessivo, começando quando a concentração de álcool no sangue reduz a quase zero [1]. Isso significa que os sintomas da ressaca, em média, têm seu início cerca de 6 a 8 horas após o consumo e podem durar até 24 horas [2].

 

Há uma variação muito grande na presença e intensidade dos sintomas da ressaca entre as pessoas, estando também associados diretamente à quantidade de bebida alcoólica consumida. De todo modo, os sintomas mais comuns são desidratação, cansaço, dor de cabeça, ansiedade, náusea, vômito, dificuldade de concentração e perda de memória e da coordenação motora [3].

 

A colina é um nutriente essencial que atua no controle dos efeitos agudos e crônicos decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas no organismo, devido às suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, anti-fibróticas e hepatoprotetoras [4].

 

Estudos indicam que o mal-estar da ressaca ocorre como consequência da exposição prolongada das células ao acetaldeído, uma substância tóxica, que provoca inflamação sistêmica no organismo e que é formada durante a metabolização do álcool no fígado [5, 6]. As citocinas inflamatórias produzidas nesse processo afetam negativamente as emoções e a função cognitiva, o que contribui para os sintomas da ressaca [7]. Dessa forma, a ação anti-inflamatória da colina pode combater o aumento da inflamação induzida pelo álcool e, consequentemente, reduzir o sintoma de mal-estar durante a ressaca.

 

A ressaca acarreta prejuízos na função cognitiva (atenção e memória), no humor e no desempenho psicomotor [8]. Em um estudo recente com 28 indivíduos, metade consumiu uma única dose de 2g de colina e outra metade, placebo. Foi visto que, apenas 70 minutos após o consumo, a colina levou ao melhor desempenho cognitivo e maior velocidade de reação em tarefas visuais, indicativos da melhora do desempenho psicomotor desses indivíduos [9].

 

Durante a ressaca ocorre a desregulação do sono, devido à ação do álcool sobre sistemas de neurotransmissores que regulam o seu ciclo, como a acetilcolina [10]. Esse neurotransmissor é fundamental para a manutenção do estado de vigília e o prejuízo dessa sinalização está associado à sedação e sonolência durante a ressaca [11]. Sendo a colina precursor da acetilcolina, seu consumo resulta na maior liberação do mesmo, contrabalanceando o efeito do consumo de álcool sobre o sistema colinérgico [12].

 

Por fim, a colina também tem ação no fígado, o órgão mais frequentemente associado ao consumo de álcool. E, de fato, o excesso de ingestão alcoólica pode resultar no acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática alcoólica), cirrose ou até mesmo câncer de fígado [13], além de desencadear diversos outros processos inflamatórios. A colina atua justamente no transporte e direcionamento adequado desses lipídios, prevenindo o acúmulo de gordura no fígado, o qual pode ser agravado pela deficiência desse nutriente [14, 15].

 

Diante do que foi exposto, é importante ressaltar que o fígado utiliza grandes quantidades de colina, mas é incapaz de produzir os níveis necessários para o seu funcionamento, sendo preciso obtê-la por meio da dieta [16]. Contudo, o consumo desse nutriente pela população está bem abaixo do recomendado [17], o que ressalta a importância da suplementação de colina na dieta, especialmente em períodos festivos, auxiliando assim o organismo na amenização dos sintomas da ressaca.

 

Produzido por: Pietra Sacramento Prado, BSc e Renata Cavalcanti, PhD

 

 

Referências
1. Verster J.C. Alcohol Alcohol. 2008;43(2):124-126.
2. Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA). 2020; https://cisa.org.br/index.php/pesquisa/artigos-cientificos/artigo/item/34-efeitos-da-intoxicacao-aguda-por-alcool-ressaca. Accessed 29/11/2021.
3. Slutske W.S., Piasecki T.M., Hunt-Carter E.E. Alcohol Clin Exp Res. 2003;27(9):1442-1450.
4. Zeisel S.H., Da Costa K.A., Franklin P.D., Alexander E.A., et al. FASEB J. 1991;5(7):2093-2098.
5. Penning R., van Nuland M., Fliervoet L.A., Olivier B., et al. Curr Drug Abuse Rev. 2010;3(2):68-75.
6. Kim D.J., Kim W., Yoon S.J., Choi B.M., et al. Alcohol. 2003;31(3):167-170.
7. Min J.A., Lee K., Ki D.J. Curr Drug Abuse Rev. 2010;3(2):110-115.
8. Prat G., Adan A., Perez-Pamies M., Sanchez-Turet M. Addict Behav. 2008;33(1):15-23.
9. Naber M., Hommel B., Colzato L.S. Sci Rep. 2015;5:13188.
10. Hoffman P.L., & Tabakoff, B. . Alcohol and the Brain. 1985:19-68.
11. McKinney A. Curr Drug Abuse Rev. 2010;3(2):88-91.
12. Cohen E.L., Wurtman R.J. Life Sci. 1975;16(7):1095-1102.
13. Maher J.J. Semin Gastrointest Dis. 2002;13(1):31-39.
14. Zeisel S.H., Szuhaj B.F. Choline, phospholipids, health, and disease.: The American Oil Chemists Society. 1998.
15. Yao Z.M., Vance D.E. J Biol Chem. 1988;263(6):2998-3004.
16. Michel V., Yuan Z., Ramsubir S., Bakovic M. Exp Biol Med (Maywood). 2006;231(5):490-504.
17. Keast D.R. Washington, DC 2007.

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