No mês de fevereiro, as organizações de saúde promovem a Campanha Fevereiro Roxo, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer, do lúpus e da fibromialgia, doenças diferentes, mas que têm em comum o fato de serem crônicas e sem cura. Dessa forma, o objetivo é alertar a população para que busque ajuda médica, assim que perceber sintomas semelhantes aos das doenças listadas, e para que realizem check-ups de saúde regularmente. A identificação precoce destas doenças é a melhor maneira para que seus sintomas sejam controlados ou retardados de forma eficiente, oferecendo melhor qualidade de vida aos pacientes.

 

A fibromialgia (FM) caracteriza-se como uma condição em que há dor muscular generalizada e crônica (duração maior que três meses), sem que haja sinais de inflamação nos locais de dor 1. Além da dor, outros sintomas complementares são bastante comuns e incluem a falta de sono profundo (sono não reparador) e fadiga constante, que podem estar acompanhados de distúrbios do humor como ansiedade e depressão 1. Em geral, estes sintomas complementares são causados pela dor crônica, e não ao contrário 1.

 

A FM é a segunda desordem reumatológica mais comum, atrás apenas da osteoartrite. Estima-se que entre 0,4% e 9,3% da população mundial seja afetada por esta doença. Apesar de sua origem ainda não ter sido totalmente esclarecida, com fatores genéticos e hormonais a serem apontados, observa-se uma maior prevalência da doença entre mulheres e indivíduos com sobrepeso ou obesos 2.

 

Por tratar-se de uma doença sem cura, a meta do tratamento da FM é atenuar os sintomas e promover uma melhor qualidade de vida para o paciente. Nesse sentido, o manejo da dor é o principal foco do tratamento, isto porque a FM não gera deformidades ou sequelas nas articulações e/ou nos músculos, sendo alterações em regiões do cérebro responsáveis pela sensação e sinalização da dor as apontadas como as maiores responsáveis pela dor generalizada 2.

 

A dor musculoesquelética crônica pode ser manejada através de outras abordagens complementares, além da abordagem psicológica e cognitiva tradicional à qual é frequentemente atribuída. De fato, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o papel que a dieta pode ter na modulação da dor e reconhece a sua importância como um ‘‘determinante modificável’’ 2. De fato, uma pesquisa realizada com pacientes com FM mostrou que 30% dos pacientes utilizaram suplementos alimentares ou fizeram algum tipo de mudança alimentar em resposta à sua doença 2. Dentre os suplementos nutricionais, o magnésio é um dos mais consumidos por indivíduos com FM 3.

 

O magnésio é um mineral que desempenha um papel importante na prevenção da sensibilização da dor através do bloqueio dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDA), responsáveis pela sinalização entre os neurônios e o sistema nervoso central como um todo. A deficiência de magnésio tem sido amplamente associada a dores musculares, juntamente com fadiga, dificuldade para dormir e ansiedade, todos sintomas comuns da fibromialgia 3. Alguns estudos sugerem que a deficiência de magnésio, por meio de reduções nos níveis de ATP (energia) muscular, pode desempenhar um papel no desenvolvimento da fibromialgia. Além disso, níveis aumentados de substância P (um neurotransmissor conhecido por seu papel na percepção da dor) parecem estar associados com a deficiência de magnésio, bem como a intensidade da dor na fibromialgia 3. De fato, estudos conduzidos com pacientes com FM observaram uma maior prevalência de deficiência de magnésio nesses pacientes quando comparados com indivíduos saudáveis 3.

 

Já no que tange à suplementação alimentar, os resultados também têm se mostrado promissores. Por exemplo, um dos estudos investigou o efeito da suplementação oral de magnésio e malato em 15 pacientes com FM e observaram que, ao contrário do grupo placebo, o grupo que recebeu a suplementação apresentou uma melhora subjetiva da dor já nas primeiras 48 horas após o início da suplementação, com efeitos que permaneceram após 8 semanas de uso 4. Um outro estudo observou que, de forma semelhante, pacientes com FM que receberam a suplementação oral de magnésio associado ao ácido málico, durante um período de seis meses, tiveram uma  redução significativa da severidade da dor/sensibilidade 5. Além destes, há uma série de estudos publicados que corroboram os efeitos positivos do magnésio em pacientes com FM, mostrando uma melhora da qualidade de vida, redução da dor/sensibilidade, redução dos quadros de depressão e ansiedade, e melhora na qualidade do sono 4, 6-8.

 

Apesar de promissores, mais estudos ainda devem ser conduzidos a fim de corroborar os reais benefícios da suplementação com magnésio, principalmente de forma isolada, no manejo dos sintomas da FM. Por fim, é importante ressaltar que os sintomas da FM são bastante genéricos e podem acabar sendo confundidos com outras doenças menos graves, o que dificulta seu diagnóstico. Portanto, em caso de suspeitas procure um médico o quanto antes.

 

Produzido por: Pietra Sacramento Prado, BSc.

 

Referências

  1. Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). 2022; https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/fibromialgia-e-doencas-articulares-inflamatorias/.
  2. Haddad H.W., Mallepalli N.R., Scheinuk J.E., Bhargava P., et al. Pain Ther. 2021;10(2):827-848.
  3. Boulis M., Boulis M., Clauw D. J Prim Care Community Health. 2021;12:21501327211038433.
  4. Abraham G.E., Flechas J.D. Journal of Nutritional Medicine 1992;3:49-59
  5. Russell I.J., Michalek J.E., Flechas J.D., Abraham G.E. J Rheumatol. 1995;22(5):953-958.
  6. Bagis S., Karabiber M., As I., Tamer L., et al. Rheumatol Int. 2013;33(1):167-172.
  7. Engen D.J., McAllister S.J., Whipple M.O., Cha S.S., et al. J Integr Med. 2015;13(5):306-313.
  8. Martinez-Rodriguez A., Rubio-Arias J.A., Ramos-Campo D.J., Reche-Garcia C., et al. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(7).

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