Função cognitiva x Demência
 

O termo “cognição” refere-se às funções mentais complexas que permitem aos seres humanos exercer capacidade funcional e desempenho social no ambiente em que vivem. Inclui domínios como memória, linguagem, atenção e velocidade de processamento da informação.
 

A demência é caracterizada pelo comprometimento da memória associado ao prejuízo de, pelo menos, mais uma função cognitiva.
 

São várias as consequências ruins que acompanham a perda irreversível da função cognitiva, entre as quais estão a diminuição da qualidade de vida, a perda de autonomia e de independência, o aumento dos custos com cuidados de saúde e dos encargos aos membros da família.
 

A velhice é o fator de risco mais importante para o declínio cognitivo e a demência. Na verdade, o envelhecimento da população em crescimento tem contribuído para as mais altas taxas de prevalência de demência vistas ao longo da história. Em 2015, o número de indivíduos que viviam com a doença de Alzheimer, o tipo mais comum de demência entre os idosos, foi estimado em cerca de 47,5 milhões em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

 

Função cognitiva x Alimentação
 

Atualmente acredita-se que intervenções nutricionais são a opção terapêutica mais promissora para a manutenção da saúde do cérebro na velhice.
 

Vários padrões dietéticos com diferentes composições de alimentos e nutrientes são apontados como capazes de desencadear diferentes efeitos sobre o envelhecimento do cérebro.

 

Dieta mediterrânea x Dieta ocidental

A dieta mediterrânea tradicional é caracterizada por alta ingestão de vegetais, frutas, azeite, legumes, peixes, cereais integrais, nozes e sementes, pelo consumo moderado de vinho tinto e pelo baixo consumo de alimentos processados, produtos lácteos, carne vermelha e óleos vegetais. Ela tem sido associada a propriedades neuroprotetoras, contribuindo, assim, para a preservação da capacidade cognitiva na velhice.
 

A dieta ocidental é caracterizada, principalmente, pelo consumo elevado de alimentos processados, carne vermelha, leite gordo, álcool, calorias, gordura saturada e açúcares refinados e pela baixa ingestão de vegetais e frutas, fibras e carboidratos complexos. Ela tem sido apontada como capaz de contribuir para a neurodegeneração, levando a prejuízo na função cognitiva.

 

Restrição calórica 
 

A restrição calórica tem sido apontada como capaz de aumentar a vida útil. A teoria é que ela aumenta a plasticidade sináptica, neurogênese e neuroproteção, contribuindo para retardar o envelhecimento.
 

Entretanto, existem ressalvas a essa teoria que devem ser consideradas:
 

  • Muitas pesquisas que indicam esses resultados são conduzidas com animais, e as condições de laboratório permitem tornar esses animais obesos, os quais certamente adquirem benefícios metabólicos devido ao emagrecimento proveniente da restrição de calorias. O benefício da restrição calórica para indivíduos sem excesso de peso não é tão claro.
  •  É provável que a composição da dieta – e a proporção dos macronutrientes (proteína, carboidratos e lipídeos) dentro dela – seja mais importante na geração de benefícios do que a simples restrição calórica. Porém, quanto às exatas proporções dos macronutrientes a serem empregadas a fim de manter a máxima aptidão do cérebro no fim da vida, não há consenso.

Micronutrientes
 

O cérebro precisa de um equilíbrio de micronutrientes para funcionar corretamente.  Existem alguns deles que mostraram ser particularmente importantes para a função cognitiva, como, por exemplo, vitaminas do complexo B (B₆, B₁₂ e folato) e alguns minerais, incluindo cálcio, magnésio, iodo, selênio, zinco e ferro.
 

A importância dos minerais na saúde cognitiva são apontadas no quadro a seguir.
 

Mineral Papel na função cognitiva
Cálcio É um componente fundamental na transmissão sináptica e plasticidade neural.
Magnésio Tem atuação importante em sistemas de regulação cerebral, aprendizagem e memória.
Iodo promove a síntese de hormônios da tireoide envolvidos na mielinização do sistema nervoso central.
Selénio É componente de enzimas e cofator de reações relacionadas à plasticidade sináptica.
Zinco É fundamental para a comunicação entre os neurônios no hipocampo, para a aprendizagem e memorização.
Ferro É essencial para a função neurológica normal. Componente de estruturas do cérebro e enzimas que participam de processos cerebrais.

Tem sido demonstrado que as mudanças na dieta, mesmo no fim da vida, podem ter impacto positivo sobre a cognição e, possivelmente, atenuar a demência.
 

A dieta equilibrada, somada a um estilo de vida adequado, contribui para o envelhecimento cognitivo saudável e gera perspectiva de melhor qualidade de vida.

 

 

Referências Bibliográficas:

ALBION, Human Nutrition. Cognitive Function. Research Notes: A compilation of vital research updates on human nutrition. v. 21, n. 2. 2012.

ALBION, Human Nutrition. Minerals Critical for Cognitive Function. Research Notes: A compilation of vital research updates on human nutrition. v. 25, n. 1. 2016.

KNIGHT, A; BRYAN, J.; MURPHY, K. Is the Mediterranean diet a feasible approach to preserving cognitive function and reducing risk of dementia for older adults in Western countries? New insights and future directions. Ageing Res Rev. v. 25, p. 85-101. 2016.

WAHL, D. et al. Nutritional strategies to optimise cognitive function in the aging brain. Ageing Research Reviews, v. 31, p. 80-92, 2016.

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