A creatina é um suplemento já extremamente popular no mercado fitness, com seus benefícios ergogênicos e para crescimento muscular consolidados. No entanto, tal qual a melhora da performance física, a suplementação com creatina também está associada a melhor performance cognitiva, além de fornecer efeitos protetores no cérebro e nos neurônios.

 

Mas vamos do começo: o que é a creatina? A creatina é um elemento nitrogenado obtido através da dieta ou por síntese endógena a partir dos aminoácidos glicina, metionina e arginina1. Na dieta, a cretina pode ser encontrada na carne bovina, suína, ou outras proteínas animais. Já a sua síntese endógena, ou seja, sua produção pelo próprio organismo, é realizada principalmente no fígado, rins e pelo próprio cérebro, onde tende a se acumular2.

 

A capacidade da creatina de atravessar a barreira hematoencefálica e de se acumular no cérebro não é por acaso. Isto porque a creatina participa do processo de produção de energia celular, na forma de ATP3, e o cérebro é um órgão com alto consumo energético, consumindo cerca de 20% de toda a energia corporal2. Dessa forma, o acúmulo de creatina no cérebro é uma estratégia para prevenir o desgaste energético e otimizar suas funções.

 

A suplementação com creatina é uma maneira simples e eficaz para a manutenção de níveis adequados desse nutriente no organismo como um todo. Por exemplo, a suplementação oral com creatina acarreta aumento de até 10% nos níveis cerebrais desse nutriente2. Por outro lado, certas condições clínicas estão associadas a diminuição dos níveis de creatina cerebral, que podem acontecer de forma aguda (por exemplo, privação de sono, exercícios intensos) ou crônica (por exemplo, envelhecimento, lesão cerebral traumática, depressão, doença de Alzheimer, deficiências enzimáticas de síntese de creatina, dieta vegetariana)2. Nestes indivíduos, foi visto que a suplementação de creatina resulta em melhora clínica e normalização dos níveis de creatina no cérebro e no corpo2.

 

Na função cognitiva, a creatina está associada a melhora de parâmetros como memória de curto e longo prazo, na redução da fadiga mental e no aumento da rapidez na realização de tarefas que exigem processamento cerebral rápido, processos que dependem da oferta de energia (ATP) cerebral4-6.

 

Já nas desordens neurodegenerativas, doenças que envolvem uma perda progressiva e irreversível da função neuronal, prejudicando a capacidade de realizar tarefas cognitivas e/ou motoras, a creatina também tem se mostrado promissora2. Isso porque além dos benefícios na força, função e massa muscular, a creatina atenua outras condições comuns associadas a essas doenças como o aumento do estresse oxidativo, a depleção de energia e o dano mitocondrial2. Algumas das doenças que têm sido estudadas de forma preliminar incluem a esclerose lateral amiotrófica (ELA), distrofia de Duchenne, doença de Huntington, esclerose múltipla e a doença de Parkinson.

 

Por fim, o potencial da creatina nos distúrbios do humor também tem sido explorado. Sabe-se, por exemplo, que indivíduos com depressão comumente apresentam anormalidades na bioenergética cerebral associadas a baixos níveis de creatina em certas regiões do cérebro2.

 

Como pudemos ver, a creatina é um nutriente extremamente importante para a função e saúde cerebral, impactando de forma positiva diversos aspectos que vão desde a melhora da função cognitiva e do estado de humor à possíveis tratamentos adjuvantes para doenças neurodegenerativas. Mais estudos devem ser conduzidos a fim de entender melhor os benefícios da suplementação desse nutriente, mas, ainda assim, seus benefícios são inegáveis.

 

 

Produzido por: Pietra Sacramento Prado, BSc.

 

Referências

  1. Brink W. Life extension. 2014:36-45.
  2. Forbes S.C., Cordingley D.M., Cornish S.M., Gualano B., et al. Nutrients. 2022;14(5).
  3. Erecinska M., Cherian S., Silver I.A. Prog Neurobiol. 2004;73(6):397-445.
  4. Watanabe A., Kato N., Kato T. Neurosci Res. 2002;42(4):279-285.
  5. Rae C., Digney A.L., McEwan S.R., Bates T.C. Proc Biol Sci. 2003;270(1529):2147-2150.
  6. McMorris T., Harris R.C., Swain J., Corbett J., et al. Psychopharmacology (Berl). 2006;185(1):93-103.

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