A deficiência de ferro é a principal causa de anemia, além de ser a deficiência mais comum no mundo, acometendo cerca de 2 bilhões de pessoas. O público infantil, em específico, tem um maior risco de desenvolver esse quadro, uma vez que, o crescimento e desenvolvimento acelerado durante a infância demandam uma maior quantidade desse nutriente.
O ferro é um mineral essencial para vários processos fisiológicos do organismo, dentre diversas funções importantes, ele compõe a hemoglobina, uma proteína que transporta oxigênio, promove as trocas gasosas e a distribuição de energia pelo corpo1, 2. Assim, um indivíduo com deficiência de ferro pode ter complicações na composição da hemoglobina e, consequentemente, na distribuição de oxigênio pelos tecidos, o que caracteriza a anemia3. A deficiência de ferro é a principal causa de anemia, além de ser a deficiência nutricional mais comum em escala global, acometendo cerca de 2 bilhões de pessoas4, 5.
Outras consequências da falta desse micronutriente podem surgir por meio de sintomas como cansaço, fadiga e dificuldade de concentração6. Além dessas atividades, o ferro ainda participa diretamente de outros processos como a saúde da pele, unhas e cabelo, e a saúde do sistema imune, e, por isso, sua deficiência também pode ter relação com queda de cabelo, ressecamento da pele, enfraquecimento das unhas e maior propensão a infecções3.
A infância é um período de risco para a deficiência de ferro, visto que o crescimento e desenvolvimento acelerado e contínuo que ocorre nessa fase da vida demanda uma maior quantidade desse mineral para atender às necessidades do organismo. Crianças até 5 anos de idade representam um grupo de maior preocupação, visto que a anemia por deficiência de ferro, nesse período, pode impactar seu desenvolvimento, com efeitos que podem perdurar pelo resto da vida7-9.
Comprovação clínica
Um estudo de revisão, publicado em 2021, avaliou 134 estudos elegíveis, de 2007 a 2020, totalizando 46.978 crianças brasileiras de zero a 7 anos a fim de analisar a prevalência de anemia infantil no Brasil e concluiu que a anemia nesse público ainda é um grave problema de saúde pública no Brasil. De fato, 33% das crianças brasileiras estão expostas às repercussões dessa deficiência10.
O ferro adquirido por meio da dieta é responsável por 30% das necessidades metabólicas de uma criança, os 70% restantes são provenientes da reciclagem da célula sanguínea11. Entretanto, apesar de estar presente nos alimentos (ferro heme – animal; ferro não-heme vegetal), em algumas condições, a ingestão de ferro é insuficiente para suprir as necessidades do organismo, sendo fundamental a suplementação desse mineral tanto na prevenção como no tratamento da anemia ferropriva12.
Dessa forma, no Brasil, são necessárias mais políticas públicas a fim de promover a suplementação, a fortificação e o acesso à alimentação saudável para reduzir o alto nível de anemia ainda presente entre as crianças.
Referências:
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