Atualmente, no mundo cada vez mais globalizado e acelerado, o cenário e as condições de trabalho, por vezes, geram uma cobrança alta e progressiva pela produtividade e competitividade dos trabalhadores, o que acaba por resultar na incapacidade de adaptação e enfrentamento desses agentes estressores aos quais o profissional é exposto cronicamente 1. Com isso, o número de pessoas acometidas pela Síndrome de Burnout está cada vez maior, apesar da grande maioria ainda não possuir um diagnóstico ou até mesmo conhecimento da existência de tal fenômeno.

 

A síndrome de Burnout (SB), também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional, já afeta cerca de 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores no Brasil 2. Trata-se de uma síndrome resultante da exposição crônica a situações de estresse e tensão emocional, provocados devido a um ambiente de trabalho desgastante. Mediante isso, os indivíduos desenvolvem uma gradual perda de energia que culmina em esgotamento físico e mental, diminuição da sensação de comprometimento e de esperança e distanciamento das relações interpessoais, acarretando queda de produtividade e de satisfação laboral 1, 3.

 

A SB gera inúmeros prejuízos à saúde, todos esses fatores acima mencionados resultam em consequências físicas, emocionais e psicológicas ao indivíduo, dentre os quais podemos citar enxaqueca, sudorese, pressão alta, insônia, distúrbios gastrointestinais, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, depressão e ansiedade 4.

 

Os sintomas da SB são facilmente confundidos com outros distúrbios relacionados à saúde mental, como depressão e ansiedade, o que dificulta o diagnóstico e reconhecimento da síndrome pelo próprio colaborador. No entanto, diferente de distúrbios mentais, os prejuízos da SB na saúde são mais profundos, visto que o estresse crônico é extremamente prejudicial também para a saúde física.

 

A secreção constante de certos hormônios ou substâncias químicas no corpo, como o cortisol e a adrenalina, devido ao estado de estresse, afeta diretamente órgãos vitais como cérebro, coração ou fígado, além do funcionamento normal de diversas vias fisiológicas 5. De fato, o estresse crônico pode acarretar alterações estruturais de longo prazo no cérebro, levando a problemas psicológicos e prejuízos na cognição e na memória 5, ou ainda a problemas cardiovasculares graves, como hipertensão, ataque cardíaco e derrame, distúrbios metabólicos como diabetes e síndrome metabólica e ao comprometimento do sistema imune 6.

 

A SB foi descrita pela primeira vez em 1974, mas só ganhou destaque e relevância durante os últimos anos, devido à pandemia da COVID-19, onde os profissionais de saúde foram os mais afetados 4. Graças a isso, em janeiro de 2022, a SB alcançou um grande marco ao ser classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional e incluída na lista de Classificação Internacional de Doenças (CID), em sua versão atualizada, a CID-11, facilitando assim o diagnóstico, tratamento e a proteção dos mesmos direitos trabalhistas assegurados em outras doenças relacionadas ao trabalho 2, 3.

 

A síndrome de Burnout tem tratamento, e assim como o seu diagnóstico, deve ser realizado junto com o acompanhamento médico adequado, acompanhado de mudanças no estilo de vida e na dinâmica do trabalho. A OMS recomenda que seja feita a procura por ajuda profissional já nos primeiros sintomas, e adverte sobre a importância da manutenção do equilíbrio entre o trabalho, lazer, família, vida social e atividades físicas.

 

Além disso, é importante ressaltar que a SB é caracterizada como uma condição mais associada aos problemas do ambiente de trabalho do que ao indivíduo em si 1, 3. Logo, é vital que as empresas e gestores se conscientizem sobre a importância de promover um ambiente de trabalho que vise a valorização dos profissionais e as relações interpessoais, garantindo a satisfação e a saúde mental de seus colaboradores 1.

Produzido por: Pietra Sacramento Prado, BSc.

 

Referências

  1. Lima A., Farah B.F., Bustamante-Teixeira M.T. Trab. educ. saúde. 2018;16(1):283-304.
  2. Luciano Filho. 2020; Jornal da USP:https://jornal.usp.br/atualidades/sindrome-de-burnout-esta-cada-vez-mais-presente-na-vida-dos-brasileiros/.
  3. World Health Organization (WHO). 2019; https://www.who.int/news/item/28-05-2019-burn-out-an-occupational-phenomenon-international-classification-of-diseases.
  4. Bruna M.H.V. 2019.
  5. Noushad S., Ahmed S., Ansari B., Mustafa U.H., et al. Int J Health Sci (Qassim). 2021;15(5):46-59.
  6. American Psychological Association. 2018; https://www.apa.org/topics/stress/body#:~:text=This%20long%2Dterm%20ongoing%20stress,tie%20stress%20to%20heart%20attack.

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